A VACA E O CARRAPATO

30 de novembro de 2009 - 03:00

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O Ceará produz todo dia 1.000.000 de litros de leite para abastecer omercado estadual. É o pecuarista de leite cearense que na sua grandemaioria é agricultor familiar que madruga todo dia para umaatividade que não tem descanso, nem férias. São trezentos esessenta e cinco dias de trabalho duro numa atividade muitoimportante para a economia do nosso Estado. A cada 50 litrosproduzidos se gera direta e indiretamente um emprego, o que faz destaatividade detentora de 20.000 postos de trabalho na nossa economia. Enão há um só município deste estado que esta atividade estejaausente. Acima da importância econômica deste setor está o amorque o criador dispensa ao seu rebanho. É sabido de todos nós ocarinho que ele tem para com a sua vaca que pare, quando ainda vendoo bezerro recém-nascido cambaleando, tropeçando, encontra a ajudado criador para auxiliá-lo na tarefa de pegar o peito da mãe naprimeira mamada e degustar o colostro, líquido precioso para ganharresistência e enfrentar as dificuldades da vida.

 Essaé a vida do criador, do produtor de leite do Ceará. Mas nem só depoesia vive este homem. É preciso algo mais. É precisorentabilidade, o que não está acontecendo agora. Os preços estãodeprimidos. Toda semana os laticinistas anunciam uma nova queda nospreços pagos ao produtor, sem que nada baixe para o consumidor. Comopode se manter um produtor que assiste diariamente a subida da torta,da soja, do salário mínimo? Como pode um produtor ver o preço doseu produto ser corroído, que até outro dia recebia 60% daquilo queo consumidor final pagava e hoje só recebe 31%.

 Oslaticínios jogam a culpa nas importações do leite de outrosestados. A desculpa é sempre a mesma, mas há de haver uma solução.Que seja ela elevar as tarifas de importações do produto ou quemsabe sensibilizar o usineiro para que ele crie uma relaçãosimbiótica com o produtor e deixe de lado este costume e este víciosecular de querer sempre espoliar e sugar o sangue de quem estáanêmico demais, de tanto ser explorado. Quemsabe com a vinda da Danone se mude estes métodos e processos deconvivência.

 Énecessário uma reflexão profunda, senão daqui uns dias, nãoteremos mais vacas, mais bezerros nascendo e nem leite. É precisoque os carrapatos entendam que a morte da vaca que os hospedasignifica a morte deles também.

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JOSÉMARIA PIMENTA LIMA

 Presidenteda EMATERCE