Fórum: técnico da Ematerce apresenta solução para reúso d´água

7 de dezembro de 2018 - 10:21

Ascom / Aécio Santiago - aecio.santiago@ematerce.ce.gov.br

De 29 a 30 de novembro, o Instituto Hidroambiental Águas do Brasil promoveu a 14ª edição do Fórum Multissetorial de Responsabilidade Ambiental, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec)

Soluções inovadoras para o uso racional da água, reuso, aproveitamento de água da chuva nas grandes cidades para abastecimento humano, dessalinização à vácuo foram alguns dos temas abordados num dos principais eventos do setor de responsabilidade ambiental, que aconteceu de 29 a 30 de novembro, no auditório térreo da Fiec.
O fórum reuniu profissionais de diversas áreas do setor privado e público, além da Universidade Federal do Ceará (UFC), debatendo os temais mais atuais e relevantes sobre abastecimento e escassez d´água, reuso, tecnologias e outros.

Para o engenheiro agrônomo da Ematerce Nizomar Falcão, torna-se cada vez mais intensa a preocupação, não apenas da comunidade científica, bem como, da sociedade civil, com a situação da qualidade de vida nos centros urbanos e com o fenômeno do recobrimento dos centros urbanos por vias asfaltadas que contribui para os alagamentos e a baixa recarga dos lençóis hídricos subterrâneos.

A utilização racional dos recursos naturais de determinada região pressupõe o conhecimento de sua real capacidade de suporte, bem como, da vulnerabilidade e manejo adequado destes recursos, a fim de mantê-los produtivos por seguidas gerações.

O engenheiro apresentou durante a programação do fórum, uma forma de solução de abastecimento de cidades litorâneas que dispensa a necessidade de transposição de bacias, no todo ou em parte, pelo aproveitamento das chuvas expressivas que ocorrem naturalmente nas cidades.

“É uma solução local que, se adotada, vai minimizar os conflitos entre a capital e o interior, por água, principalmente entre os agricultores que reclamam que não podem mais produzir por que as águas dos açudes do interior estão destinadas exclusivamente ao abastecimento urbano. Por outro lado as atividades econômicas são prejudicadas causando a perda de milhares de empregos formais e informais”, explica o engenheiro.

As sarjetas hidroambientais, como é a chamada a tecnologia, são dispositivos destinados a coleta, armazenamento e redistribuição aos lençóis freáticos, das águas provenientes das precipitações pluviométricas, de forma gradativa e proporcional à capacidade de absorção dos solos. Esses artefatos diminuem o empobrecimento generalizado dos ecossistemas urbanos, motivado pela ação antrópica, que culmina com a incidência dos processos de esgotamento das fontes de abastecimento de origem subsolares, particularmente nas áreas de climas áridos, semiáridos e sub-úmidos secos, como se observa no Nordeste brasileiro. Esta vulnerabilidade evidencia-se diante de certas peculiaridades geoambientais e sociais.

Seca

A extrema irregularidade das precipitações pluviométricas, no tempo e no espaço, culminando com os chamados anos de seca, além das elevadas temperaturas, disso resultando altas taxas de evaporação e evapotranspiração, promovem uma exaustão das fontes hídricas superficiais.

A alternativa a essa situação, segundo Nizomar, é o armazenamento das águas debaixo dos solos. Para ele, as pavimentações das vias urbanas, todavia, não permitem que isso se faça naturalmente. Daí, a necessidade de se implantar estruturas que sejam capazes de evitar a interrupção do Ciclo da Água. Aproveitar as manchas sedimentares é portanto a única alternativa disponível para que se tenha segurança hídrica (quantidade, qualidade, regularidade) nos centros urbanos.

“A cobertura vegetal nos centros urbanos é constituída pelo plantio de plantas arbustivo-arbóreas, preferencialmente de folhagem abundante, ocorrendo muitas vezes de modo esparso ou aberto e com fisionomia arbustiva oferecendo pequena capacidade de proteção aos solos contra os efeitos erosivos”, completa Nizomar.

A tudo isto, acrescente-se a pressão demográfica, representada por um dos maiores contingentes populacionais do universo, além dos baixos níveis de consciência das populações para conservação e preservação dos recursos florísticos.

No semiárido brasileiro o recurso natural crítico continua sendo a água. A precariedade do gerenciamento e a poluição das fontes de armazenamento são problemas crescentes. A degradação dos recursos vegetais e do solo é um forte impacto ambiental negativo dos sistemas de produção “tradicionais” e “modernizados” existentes em todo o território nacional.

Em algumas áreas essa degradação está evoluindo para a exaustão das fontes hídricas, com risco do comprometimento definitivo da sustentabilidade do uso da água subterrânea, haja vista, essa água está quase toda sendo escoada para o mar. A gravidade da situação obriga-nos a buscar respostas positivas para uma utilização sustentada da vida urbana. Encontrar modos de recuperação das áreas degradadas é inadiável. As Sarjetas Hidroambientais definiria um modelo capaz de trabalhar as pequenas e grandes áreas urbanas dos impactos das enchentes causadas por chuvas moderadas e torrenciais nas comunidades.