Baturité: produtor de milho precoce se prepara para colheita

28 de março de 2019 - 14:25 # # # #

Ascom / Aécio Santiago - aecio.santiago@ematerce.ce.gov.br

Único produtor do Estado do Ceará e um dos quatro no Brasil a trabalhar com o tipo de semente de milho BRS Gorutuba, o produtor Luiz Alves Luz se prepara para colher 280 toneladas de sementes de milho do tipo variedade. O negócio já vem conduzido pelo filho do produtor, Domingos Sávio de Oliveira Luz, que integra o grupo de produtores que mantém a parceria com o Governo Federal através da Embrapa.

No Sertão, um dos sinais que alertam o agricultor de que tem chuva pra chegar são as nuvens carregadas se aproximando do maciço ou da serra; “aí a gente fala que o serrote tá fumando”, brinca o presidente da Ematerce Antônio Amorim, apontando nuvens tocando o pico da serra (foto abaixo). Amorim, que também foi agricultor, acompanhou o processo final de produção do milho nesta localidade, no município de Baturité.

Na Fazenda Catanduva e Açudinho, no Maciço da Baturité, zona rural do município de Baturité, a cerca de 20 quilômetros da sede, o serrote fuma quase todos os dias nesse início de ano e no solo o milho vem respondendo satisfatoriamente. “É muito bonito isso aqui né? Minha vida é isso há mais de 40 anos”, conta o produtor Luiz de Oliveira, que é um dos veteranos no fornecimento do milho para o Governo do Ceará, através do Programa Hora de Plantar, há 30 anos.

Em 2018, os produtores venderam para o programa Hora de Plantar o total de 131.250 kilogramas de milho.

A conversa com Luiz veio durante entrevista para uma equipe de reportagem da TV Verdes Mares com acompanhamento dos técnicos da Ematerce, o coordenador Regional Francisco Olegário Guedes Rocha, o gerente local José Sinival, o presidente da entidade Antônio Amorim e um representante do Banco do Nordeste (BNB).

A alegria do produtor quando mostra os plantios de milho em várias fases é resultado do investimento num tipo de semente, fornecida pela Embrapa Petrolina e que dá um período de colheita mais rápido quase 20% comparado ao milho tipo híbrido ou variedade tradicional, que é de cerca 120 a 140 dias.

Mas além do investimento nos royalties do milho, é preciso investir em tecnologia e assistência técnica. Na área de 200 hectares, cerca de 160 é de plantação de milho e a outra parte de sorgo forrageiro.

Tecnologia

Segundo Domingos Sávio de Oliveira Luz, filho do produtor Luiz de Oliveira e que coordena a execução de todo o trabalho nas fazendas, o investimento na tecnologia da semente é compensador, porque o resultado é garantido. “Mas é preciso todo um cuidado, também, com o solo, o arado, o combate às pragas, quem vai fazer o trabalho”, explica Domingos durante a visita na lavoura, onde se identifica o que se chama de curva de nível, uma técnica de plantio em curvas de nível consiste na produção ordenada por meio de linhas com diferentes altitudes do terreno.

Essa técnica é essencial para áreas íngremes. O processo ajuda a conservar o solo contra erosões e contribui com o escoamento da água da chuva, fazendo com que ela se infiltre mais facilmente na terra e evite os deslizamentos.

Com as precipitações de chuva sendo maiores do que o mesmo período do ano de 2018, as expectativas são as melhores para o bom plantio em 2019. Enquanto de janeiro a março do ano passado, as chuvas registradas foram de 357 milímetros, em 2019 o mesmo período registrou 552 milímetros, segundo o técnico da Ematerce Olegário Guedes.

Sementes

A BRS Gorutuba é uma variedade de polinização aberta e ciclo superprecoce, apropriada para regiões onde o período chuvoso pode não ser longo o suficiente para que as cultivares de ciclo precoce completem seu ciclo reprodutivo sem redução do potencial produtivo. Atinge o florescimento masculino 6 a 7 dias antes das variedades precoces, até a maturação fisiológica, essa diferença pode chegar a 15 ou 20 dias. Apresenta boa resistência ao acamamento e ao quebramento, e é moderadamente resistente à mancha de bipolaris.

Para Antônio Amorim, é importante remodelar o processo de investimento pelo governo pensando, justamente, nessa realidade produtiva como essa daqui em Baturité. “Podemos pensar em aumentar a oferta das sementes pelo Hora de Plantar ao invés de idealizar o aumento no número de agricultores atendidos. Aprimoramos o produto, o processo do desenvolvimento junto aos agricultores familiares e melhoramos a sua renda dentro da cadeia produtiva, beneficiando um conjunto maior de pessoas envolvidas”, diz Amorim.

Em 2019, o Hora de Plantar atendeu a 153.428 agricultores em todo o estado do Ceará.

 

Fonte de pesquisa: Ematerce, Embrapa Petrolina e portal Pensamento Verde