Artesanato amplia renda em Pacoti

18 de outubro de 2010 - 03:00

Técnicos da Ematerce elaboram projeto que possibilitou crédito federal para comunidade de pequenos artesãos

 

Pacoti. Há cerca de 15 anos, quando instalou uma pequena oficina, nos fundos de sua casa, para a fabricação de terços, cintos e bolsas de madeira, o agricultor Facundes Souto Mariano, da Comunidade Sítio Volta do Rio, neste Município, não imaginava que o negócio poderia crescer tanto e a renda, adquirida com a comercialização desses artefatos, fazer parte do orçamento familiar. Atualmente, assim como a dele, cerca de outras 20 oficinas, voltadas para a confecção de peças artesanais de madeira, espalham-se pela localidade, promovendo a geração de emprego e o incremento da renda líquida de agricultores familiares.

 

“A melhoria mesmo ocorreu de uns cinco anos para cá, depois de um financiamento do Pronaf, que permitiu a reforma do galpão e a compra de equipamentos e matéria-prima para a confecção das peças”, comemora Facundes. O benefício chegou, por meio de um projeto, elaborado por técnicos da Ematerce, que apostaram na iniciativa dos agricultores em diversificar suas atividades e em melhorar a renda familiar. 

 

Parcelas

Pacoti2

Com o crédito do Pronaf, cada um dos beneficiados recebeu, em média, R$ 9 mil, com dois anos de carência, para início do pagamento, distribuídos num total de três parcelas, a serem pagas anualmente. A amortização do investimento pode ter até 40% de abatimento, caso a quitação seja feita em dia pelos produtores.

“É algo que nos deixa com uma grande satisfação, pois mostra que a assistência, dada ao homem do campo, vai muito além do apoio propriamente dito às atividades agropecuárias”, ressalta o gerente local da Ematerce, em Pacoti, Ivan Fonseca. Ele conta ainda que o objetivo, agora, é despertar nos agricultores o senso de organização, incentivando a criação de uma associação, que permita o escoamento de suas produções, a preços mais atraentes, e anulando a presença de possíveis atravessadores. “Para isso, faremos reuniões com os interessados, para que viabilizem a fundação desta entidade”, assegura Fonseca. Do pequeno galpão, onde hoje são fabricados somente terços, Mariano chega a vender uma média de 12 mil unidades mensais, especialmente para centros de romaria do Estado, como Canindé e Juazeiro do Norte. As vendas ultrapassam a fronteira do Ceará e abastecem mercados, como o de São Paulo, notadamente o de Aparecida do Norte, outro centro de peregrinação de fiéis.

 

No período das grandes romarias, como agora em Canindé, a produção de terços alcança 18 mil unidades. Mariano só reclama do preço, obtido com a comercialização dos terços, feita diretamente a comerciantes de artigos religiosos. Cada peça é vendida a R$ 0,33. Entretanto, ele acredita que, com a organização dos artesãos, as peças venham a ter um preço maior na hora de fechar negócio.

 

Cada uma das 20 oficinas, existentes em Sítio Volta do Rio, empregam uma média de sete pessoas, totalizando cerca de 200 beneficiados. “São principalmente jovens que não tinham o que fazer e hoje contam com uma ocupação”, afirma a agricultora Maria Letícia Maia. Mais expressivo ainda é o número de mulheres envolvidas na atividade de fabricação dos terços. Em quase toda casa, existe uma mulher que se dedica a esse trabalho.

 

Segundo Selma Rebouças, professora municipal e uma das “feiteiras de terço”, cada uma das mulheres confecciona de 100 a 150 unidades por dia, dependendo da peça. Ela conta que a renda do trabalho é de grande valia, principalmente porque, muitas delas, antes da atividade, tinham como ocupação apenas o trabalho na roça e os afazeres domésticos. 

 

Crédito

9 mil reais foi o valor médio que cada um dos artesãos do Município de Pacoti recebeu para o trabalho de fabricação de terços e demais peças, com verba financiada por meio do Pronaf. 

 

MAIS INFORMAÇÕES

Escritório da Ematerce Município de Pacoti
Maciço de Baturité
(85) 3325.1803