Quixadá: presidente da Ematerce na audiência pública da seca

27 de abril de 2012 - 03:00

 

A Câmara Municipal de Quixadá, região do Sertão-Central do Ceará, promoveu, na quinta-feira, 26 de abril de 2012, Audiência Pública com a finalidade de debater os efeitos da estiagem, bem como apresentar soluções e propostas para os problemas. Esta audiência foi solicitada pela vereadora Maria Edi Leal da Cruz Macedo, através de requerimento Nº 28, de 11 de abril de 2012. Cerca de 70(setenta) pessoas participaram dos debates, que teve como local o Plenário Antonino Fontenelly, Câmara de Vereadores.

 

Presidente da Ematerce, José Maria Pimenta, representou o secretário Nelson Martins na

Audiência Pública sobre seca em Quixadá.

 

De acordo com dados da Ematerce, neste ano, em Quixadá, o índice pluviométrico está abaixo da média histórica, sendo registrados apenas 284 mm de chuva, o que é insuficiente, para acumular água, para o consumo humano e animal, para agricultura, bem como para a manutenção do rebanho bovino, de 44 mil cabeças de gado e o de ovino e caprino, composto por 12 mil animais. Os trabalhos foram coordenados pelo vereador José Kleber Bezerra Carneiro Júnior, presidente do legislativo municipal, contando com a participação dos vereadores: Wellington Xavier Queiróz, Audênio José Moraes, César Augusto de Sousa Oliveira, Erenir Lima Tavares, José Maria e Rosa Buriti.

 

Compôs a mesa de autoridades, o presidente da Ematerce, Engrº Agrº José Maria Pimenta, ex-prefeito Ilário Marques, vice-prefeito Airton Buriti, representante do BNB, Edgar Rêgo, presidente da Federação das Associações Comunitárias, Francisco Antônio, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Marcelo Lucena Sousa, Técnico do Projeto São José, Igor Carlos, secretário de Agricultura, Nilton Santos, e José Américo, representante da Ematerce de Quixadá.

 

O presidente da Ematerce foi o primeiro a fazer uso da palavra, quando, na condição de representante da Secretaria do Desenvolvimento Agrário, enumerou as ações, que serão implementadas, visando atender a demanda dos agricultores familiares, tais como: antecipação do pagamento do Garantia Safra; criação da Bolsa Estiagem; concessão de crédito para a atividade rural, contemplando, com até 12 mil reais, os agricultores familiares, com direito a rebate; comercialização de milho pela Conab para ração animal, sendo que, para o agricultor familiar, o saco será vendido a R$ 18,10, enquanto, para o médio e grande produtor, pelo valor de R$ 27,00; O atendimento das comunidades, com água para o consumo humano, via carro-pipa, e o Projeto São José III, que disporá de $ 300 milhões de dólares, dntre outras ações de inclusão produtiva e enfrentamento da estiagem.

 

Audincia_Quixad

Autoridades municipais e agricultores familiares prestigiaram a audiência pública na Câmara

Municipal de Quixadá.

 

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Quixadá, Marcelo Lucena Sousa, o mais emergencial é o abastecimento de água para o consumo humano das comunidades, localizadas tanto na zona urbana, quanto na rural. Também solicitou a criação de instrumentos que facilitem a renegociação das dividas dos trabalhadores rurais nos bancos oficiais.
Por outro lado, o representante do Banco do Nordeste do Brasil, Edgar Rêgo, disse que o a instituição dispõe de crédito suficiente, para atender aos projetos dos agricultores e que o grande problema é a inadimplência, verificada nos contratos com os agricultores. “O agricultor familiar está deixando de ter acesso a um dinheiro barato, porque não zela por seu nome; está deixando de pagar os empréstimos contraídos, e que o BNB está com dificuldade de encontrar o agricultor, para tratar de renegociação, porque, se for chamado pelas emissorias de rádio, poderá ser caracterizado como cobrança, e, portanto, corre o risco de ser processado pelo agricultor, além do fato de que 60% dos agricultores, quando procurados, não se encontram mais no endereço fornecido durante a contratação do empréstimo”, lamentou Edgar Rêgo.

 

O ex-prefeito Ilário Marques criticou a forma como está sendo conduzido o programa de combate à seca, Para o político, não estão tratando o problema mais grave, que é a pobreza do país, associada à degradação do meio ambiente e ao desmatamento, principal fator para diminuição das chuvas. “Necessitamos efetivas políticas de combate à seca, bem como a criação de uma dinâmica maior, como a implantação de uma comissão permanente, para que o campo tenha mais vida e saia do estado de abandono em que se encontra”, apontou Ilário Marques.

 

O presidente da Associação dos Moradores do Exu, Raimundo Mendes Rufino, denunciou que o Banco do Nordeste do Brasil exige que o produtor, possuidor de lote ou é rendeiro do Dnocs, para fazer negócio com a instituição, deve ter conta bancária com no mínimo R$ 2.000,00 (Dois Mil Reais) em depósito. Disse que, hoje, por conta da seca, está comprando feijão de até R$ 8,00 (Oito Reais) o quilo e, quando ele produz, o comerciante só quer paga um real pelo Kg.

 

O vereador Wellington Xavier Queiroz criticou a falta de política pública, para com o agricultor, em relação ao preço mínimo pago por seus produtos. Pediu urgência, no atendimento com água, através de carro-pipa, pois, segundo ele, o povo da zona rural está bebendo lama, o que é uma vergonha, um crime.  Já o vereador José Audênio Moraes reivindicou frentes de serviços, empregando a mão-de-obra na construção de passagem molhada, estrada, açudes e no plantio de feijão irrigado. “Temos que nos unir, para resolver essas questões; eu vi, em Quixeramobim, todas as comunidades dispondo de água encanada; vamos fazer o mesmo em Quixadá”, conclamou Audênio Moraes.

 

O vereador César Augusto de Sousa Oliveira disse que, na localidade da Vila Rica, o povo está pobre, pois está brigando por água. Há muitos agricultores que estão se desfazendo de seus animais e que terão muitas dificuldades para comprá-los depois. O vereador Erenir Lima Tavares, o Capitão, disse que as coisas estão devagar e que, nessa velocidade, aposta que, até o final deste ano, 50% do rebanho bovino, ovino e caprino será dizimado, se repetindo o que ocorreu na seca do ano de 1993. Denunciou que, na zona rural de Quixadá, existem 17 (dezessete) sistemas de dessalinização de água abandonados, quebrados, sem manutenção e que poderiam estar servindo o povo, com custo menor que o carro-pipa.

 

Por último, a vereadora Rosa Buriti, que tem como base eleitoral o Distrito de Cipó dos Anjos, reivindica água para a população, via carro-pipa, além do atendimento com a construção de cisternas de placas. No encerramento da Audiência Pública, o presidente da Ematerce, José Maria Pimenta, disse que anotara todas as reivindicações e sugestões, assumindo o compromisso de repassar, em forma de relatório, para a Secretaria Estadual do Desenvolvimento Agrário (SDA) as reivindicações, tratadas no encontro, promovido pela Câmara Municipal de Quixadá.

Crisanto Teixeira – Jornalista lotado no Escritório Regional da Ematerce em Quixeramobim-Ceará.

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