O VALOR DA COMUNICAÇÃO NA EXTENSÃO RURAL
1 de abril de 2014 - 03:00
Jornalista Antonio José de Oliveira, assessor de comunicação e ouvidor
da Ematerce.
A Comunicação Social, na verdade, desperta, nos extensionistas, nos agricultores e nas famílias rurais assistidas, a consciência de que o trabalho de Extensão Rural não é, simplesmente, para quebrar a resistência do homem do campo, como que o obrigando a adotar práticas agropecuárias e gerenciais.
Não há necessidade de estudos aprofundados, para chegar-se à conclusão de que a Comunicação Social, no Serviço de Extensão Rural, além de um instrumento de divulgação e promoção, é peça importante e fundamental, quando da transferência de tecnologias agropecuárias e gerenciais, mediante a troca de saberes extensionista/agricultor e na valorização dos clientes interno e externo.
O Serviço Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural (Sibrater) usa os diversos meios de Comunicação de Massa, sem falar da Comunicação Interpessoal (diálogo com os agricultores), quando da troca de saberes (repasse de tecnologias agropecuárias e gerenciais), com vistas ao aumento da produção, produtividade das lavouras e da pecuária, da renda líquida, da geração de empregos, no meio rural, e, consequentemente, à melhoria das condições de vida das famílias sertanejas.
O certo é que a Extensão Rural, por intermédio dos extensionistas, tem a Comunicação Social, em suas diversas modalidades, como componente obrigatório na busca do desenvolvimento rural sustentado. E não pode ser diferente, haja vista que, ao prestar serviços de assistência técnica e extensão rural, contribui para mudanças no comportamento de seu público-alvo e mudanças, segundo declaração de Nélson de Araújo Queiroz, no folheto “O Rádio na Extensão Rural”, são resultados de decisões e decisões só se tomam com base em informações. É dele, ainda, o pensamento de que, por meio do rádio, do jornal, da televisão, do filme, da mídia eletrônica – e acrescento – da Comunicação Interpessoal, o homem sai do seu isolamento para uma vivência cosmopolita, que altera hábitos, costumes e a própria cultura.
Como a Extensão Rural exerce um papel fundamental, no meio campestre, pois trabalha com a educação não-formal dos agricultores, precisa ter responsabilidade de formar um individuo/cidadão, sobretudo no mundo globalizado, com a visão de futuro, com novas habilidades e acompanhando o que se passa, também, fora da sua porteira. Em síntese: exercer, responsavelmente, o seu direito de cidadania. Isso, porém, somente é possível com o uso dos meios massais de Comunicação, o Interpessoal e o Grupal.
Agora, afirmo, categoricamente, que a Extensão Rural não deve, nem pode, por meio da Comunicação Social, seja lá de que modalidade for, manipular o seu público-alvo, como o fez nos tempos da Ditadura (regime discricionário), quando cumpria ordens, advindas dos escalões superiores, que empurravam os abomináveis “pacotes agrícolas”, elaborados em gabinetes refrigerados de Brasília-DF, num total desrespeito ao agricultor. Esqueciam-se de que, afinal, ele é o sujeito (o correto) do seu desenvolvimento e não um mero objeto a ser manipulado por uma elite cultural e de elevado poder político e econômico, que, na época, se julgava com o direito de conduzir os destinos dos que não faziam (e ainda não fazem) parte da classe dominante no Brasil.
Ante o exposto, mister se faz que a Extensão Rural, além de conhecer e aplicar os princípios sociológicos, psicológicos, antropológicos e éticos, aplique, também, os princípios da Comunicação Social, pois o extensionista é, antes de tudo, um Educador informal e não um mero repassador (despejador) de inovações tecnológicas agropecuárias e gerenciais. E o extensionista deve estar consciente de que essa Comunicação é uma forte aliada, no trabalho diário, com as famílias rurais, na busca incessante por melhores condições de vida para a sofrida gente sertaneja, sobretudo os agricultores de base familiar, ou seja, que têm, na Agropecuária, a sua principal ocupação, fonte de renda e para a velha lei da sobrevivência.
Encerrando meus comentários sobre a Comunicação Social, aplicada na Extensão Rural, vale citar, dentre os estudiosos da Ciência da Comunicação Social, Juan Diaz Bordenave, que assim se manifestou em uma de suas obras: “Comunicação Rural deve ser entendida e praticada não para ocultar a realidade ou desviar os produtores de seus reais problemas, nem para controlar seu conhecimento sobre sua verdadeira situação e suas causas, mas para aproximar-se da verdade total, dos problemas concretos e condicionantes do desenvolvimento rural” E disse ainda: “Somente quando concebida dessa forma, a Comunicação contribuirá para dinamizar as potencialidades latentes e a criatividade, de análise crítica, de verdadeira participação e de expressão autêntica dos produtores.
Por último, faço questão de citar, novamente, Bordenave, por afirmar: “A Comunicação conscientiza a população, para participar, ativamente, nos processos de mudança social e de construção de uma sociedade democrática e participativa”. Enfim, ouvir o que o público-alvo da Extensão Rural tem a dizer é a eficácia da Comunicação. Isso, porém, nem sempre é praticado e fácil.
Texto e Foto: Assessor de Comunicação e Ouvidor da Ematerce
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