Presidente da Ematerce visita propriedades que exploram bovinocultura

22 de dezembro de 2014 - 03:00

Para atender convite do Sindicato Rural Patronal e da Cooperativa dos Produtores de Leite do município de Quixeramobim, região centro do Estado do Ceará, o presidente de Ematerce – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará – Engenheiro Agrônomo José Maria Pimenta Lima, no final de semana, visitou pequenas propriedades, que trabalham com a bovinocultura leiteira. Quixeramobim possui a maior bacia leiteira do Estado, com uma produção diária de 150 mil litros de leite bovino.

 

 

O presidente da Ematerce, José Maria Pimenta, de camisa vermelha, visita propriedades

rurais que exploram bovinocultura de leite.

 

De acordo com o vice-presidente do Sindicato Patronal Rural, agropecuarista Cirilo Vidal Pessoa, a atividade rural, que produz leite bovino e comercializa na forma ‘in natura’, vem enfrentando sérias dificuldades, em virtude das sucessivas secas, afora o aumento do preço da ração para alimentar o rebanho, enquanto o preço do litro de leite para o pecuarista está despencando na usina compradora. Ainda de acordo com o sindicalista, em algumas fazendas, o gado e a criação estão escapando, graças à ração do mandacaru e do chique-chique, ofertada depois de queimados os espinhos.

 

Na Fazenda Belém de Cima, Distrito de Belém, o produtor familiar Antônio Patrício Ribeiro Nobre, 53 anos, casado, possui 30(trinta) vacas em lactação, com produção diária de 300(trezentos) litros de leite. Conta Antônio que a maior dificuldade está em fornecer água e forragem de qualidade, para o gado consumir, itens de suma importância para as vacas produzirem leite.

 

 

“Aqui estou contando com um cacimbão, quase seco, e um carro-pipa que nos socorre, duas vezes por semana; do jeito que vai a situação, tende a ficar cada vez mais preta; a usina pagava R$ 1,00 pelo litro no começo do ano, agora só está pagando por litro R$ 0,85, valor insuficiente para cobrir os custos com a ração que aumentou bastante por último”, desabafa Antônio Nobre. Contabilizando a queda no preço do litro do leite, o produtor familiar já soma 15%; além de os usineiros, por excesso de produção, não estarem querendo mais receber o produto.

 

Nos armazéns da cidade de Quixeramobim, que comercializam ração animal, os preços vêm subindo, vertiginosamente, cerca de 25%, são percentuais que inviabilizam a atividade da pecuária leiteira. O saco, de 50 kg, do Milho está custando R$ 38,00. A Soja, R$ 75,00. A torta de algodão, R$ 45,00. Esse custo de produção poderia estar menor, caso a Conab tivesse o milho com preço subsidiado pelo governo. No armazém de Quixeramobim, a informação é de que um novo carregamento está previsto para chegar em janeiro.

 

 Agricultor  Alberto Carlos passa também por dificuldades na criação de gado leiteiro.

 

Outro produtor que também passa por dificuldades é Alberto Carlos, 71 anos, residente na Fazenda Guarujá, Distrito de Nenelândia. Com a ajuda da mulher e mais duas filhas, juntos, tocam um rebanho de 18 vacas, que produzem diariamente 122 litros de leite. Conta Alberto que está para não aguentar mais, tocar a atividade da pecuária leiteira. “Se for para puxar do tronco das despesas, ninguém vai conseguir pagar; estamos usando parte do aposento meu e da minha mulher, para custear as despesas da pequena propriedade; se é de ver um bichinho morrer de fome, a gente faz a opção de sacrificar nossos recursos e esperar que o inverno venha logo”, disse esperançoso Alberto Carlos.

 

Na outra ponta da cadeia produtiva de leite, está o médico Fernando Pimenta, que reside e trabalha em Fortaleza e mantém uma fazenda na localidade de Castelo, Distrito de São Miguel, município de Quixeramobim. Na propriedade que é mantida mais por sentimento, do que pelo resultado financeiro, pois pertenceu ao agropecuarista Expedito de Oliveira Lima, pai do doutor Fernando, o mesmo mantém com recursos próprios as despesas de custeio. “O leite que a fazenda produz não paga a mão-de-obra; já não contabilizo mais o prejuízo; estamos comprando ração pra alimentar os rebanhos de gado e de ovelhas e se não chover nos próximos 30(trinta) dias a situação ficará insustentável”, declara Fernando Pimenta.

 

Depois de visitar, vê de perto e analisar a situação pela qual passa a economia rural, que trabalha com a bovinocultura leiteira, o presidente da Ematerce – José Maria Pimenta Lima – disse à reportagem que está inversamente proporcional a crise econômica, no pico da seca, a ração sobe e o preço do leite desce, representando o gráfico da boca do jacaré. Com o aumento da produção, no campo, os laticínios não possuem capacidade industrial, para processar esse volume de leite produzido em plena seca.  

 

“Muitos produtores já não dispõem mais de reservas alimentar e hídrica; para dar de beber o gado, está contando com a água do carro-pipa, enquanto a ração volumosa verde, composta de milho integral (com espiga e a palha), está sendo adquirida, na Chapada do Apodi, em Limoeiro do Norte-Ceará, chegando em Quixeramobim por R$ 0,25 o kg; cada vaca consome, em média 20 Kg, por dia, esse custo significa R$ 5,00 por cabeça;  se não vier logo a chuva para produzir uma rama para alimentar o rebanho, a atividade estará seriamente comprometida”, avalia José Maria Pimenta.

(Crisanto Teixeira – Jornalista da Ematerce lotado no Escritório Regional do Sertão-Central).  

=================================================================================================

  Assessor de Comunicação e Ouvidor da Ematerce
Jornalista Antonio José de Oliveira
antonio.jose@ematerce.ce.gov.br
Fone (85) 3217-7872
Twitter @ascomEmaterce