Novos Sertões: da feira para o mundo – feiras agroecológicas movimentam economia local e regional
2 de maio de 2018 - 03:00
Comprar produtos de qualidade, escolher com calma, negociar preço, fazer um pedido de algo para o próximo sábado. As feiras agroecológicas em todo o Estado do Ceará, veem se consolidando como um grande mercado para os pequenos produtores rurais e com a assistência técnica da Ematerce e novos investimentos, o setor fortalece a economia de vários municípios. Esta é a segunda reportagem da série Novos Sertões – o semiárido contado por sua gente
*Aécio Santiago
Ainda são aproximadamente 7h40 do sábado, 17 de março, na Praça do Bicentenário, no município do Crato, Região do Cariri cearense, mas o movimento na feira já é grande. Idosos, mulheres, jovens, crianças vão chegando, conversando, atualizando os assuntos e escolhendo o que levar para a casa.
A feira do Bicentenário, no Crato, já completou dois anos de funcionamento
É impossível deixar de ver o sorriso e a simpatia da servidora aposentada Maria Zilda de Almeida Soares, 78 anos, moradora do bairro Serrano. Coincidentemente é a primeira vez que ela vai conferir os produtos da Feira de Produtos da Agricultura Familiar do Sítio Corujas e adjacências (Fepaf), inaugurada em abril de 2016.
A aposentada faz questão de apresentar o filho de criação, o zootecnista Nailson Marques, 60 anos, também frequentador da feira. “Esse aqui era danado”, diz dona Zilda explicando que ajudou a cuidar de oito filhos de uma família tradicional do Crato, irmãos do zootecnista.
As conversas vão se desenrolando por todas as bancas, onde são comercializados da macaxeira, batata, ricota, polpa de fruta, doces até o coentro, brócolis, alho poró, cebolinha, cenoura, tudo produzido no Sítio Corujas, onde 48 produtores trabalham em regime associativo, comercializando os produtos em vários bairros como Pimenta, Vila Alta, Mirandão, Seminário e praça Alexandre Arraes.
Clientess com a aposentada Maria Zilda Soares frequentam muito a feira no Crato
Em breve, além da grande aceitação comercial que os produtos já possuem entre os moradores e comerciantes do município, a feira passará a contar com o Selo do SIPAF (Selo de Identificação de Participação na Agricultura Familiar), identifica produtos que têm em sua composição a participação majoritária da agricultura familiar e dá visibilidade a empresas e aos empreendimentos deste segmento, que promovem a inclusão econômica e social dos agricultores, gerando mais empregos e renda no campo.
Qualidade
A validade do selo é de dois anos, podendo ser renovado. É concedido às empresas e cooperativas, portadoras ou não daDAP (Declaração de Aptidão do Pronaf) e a agricultores familiares, desde que portadores de DAP, para identificar produtos como verduras, legumes, polpas de frutas e laticínios, entre outros. O SIPAF não substitui qualquer exigência legal quanto à produção, industrialização ou consumo no âmbito municipal, estadual ou federal.
Segundo a ex-vice presidente da Cooperativa Agroindustrial dos Pequenos Produtores do Sítio Malhada do Crato, Cícera Edna Pereira, 49 anos, a cooperativa contava inicialmente com 65 associados e hoje são efetivos 48 produtores rurais, que participam da feira em vários bairros do Crato. “A maioria deles mora no Sítio Corujas, onde fazem toda a produção das hortaliças, frutas e verduras. Hoje, a feira está cada vez mais se sustentando e embora alguns tenham dificuldade com transporte, estamos sempre tentando melhorar a logística. Estamos vendo dois convites para levar a feira a outros bairros”, explica Cícera, que no domingo cedo já estava armando a barraca na Feira do bairro Mirandão.
Miniusina de pausterização dos derivados do leite
Em 7 de abril último, a feira comemorou o 2º aniversário de existência e o escritório da Ematerce promoveu uma comemoração simbólica da data. Segundo Elcileide Mendonça, técnica de Desenvolvimento Social da Ematerce, vem sendo feito um trabalho de capacitação contínuo com os feirantes, de acompanhamento das necessidades, de abertura de mercado e agora com a expedição do selo, teremos a atividade mais qualificada para os clientes. “Já aplicamos o questionário, encaminhamos e a próxima etapa será a auditoria para certificar os agricultores”, explica Elcileide.
Produção
Integram a feira que também acontece no bairro Mirandão, produtores da Associação do Sítio Corujas e Adjacências e da Associação do Bairro Mirandão e Associação Cristã de Base, da Diocese do Crato.
No Sítio Malhada, onde funciona a cooperativa e uma unidade de mini usina de pausterização de leite, são processados muitos produtos que são comercializados na feira como doce de leite, iogurte, ricota, manteiga, queijo coalho, biscoito de nata, soro de leite e vários outros. A unidade é abastecida com energia solar, através do uso de 16 placas fotovoltaicas. O projeto teve o acompanhamento da Ematerce Regional Cariri, através do gerente Lóssio Gondim e Elcicleide Mendonça.
Assim, apesar das dificuldades, da escassez de chuva e da crise econômica, os produtores rurais em todo o Ceará vão incrementando a produção, desenvolvendo novas tecnologias, implementando parcerias.
Tradição
*Edilmo Gurgel
As feiras de produtores agropecuários são eventos tradicionais em muitos municípios cearenses, facilitando a venda direta entre o produtor e o comprador melhorando, assim, os lucros dos pequenos agropecuaristas e reduzindo a participação de intermediários na comercialização. As feiras objetivam, além de proporcionar o intercambio entre o agricultor e a população urbana, a comercialização de frutas, verduras, pequenos animais de qualidade superior e a preços justos.
Feira no município de Acaraú também movimenta a comunidade local
Atualmente, a Ematerce está apoiando a iniciativa de formação de organizações de pequenos produtores em feiras, em vários bairros dos municípios, com a finalidade facilitar a negociação dos produtos agropecuários produzidos pelos mesmos.
EMATERCE EM RESULTADOS
BANANA
Agricultores – 349
área- 489,9 hectares
área colhida- 433,8 hectares
produção obtida- 9.777.727 quilos
produtividade- 22.341,33 quilos/hectare
GOIABA
produtores – 74
área- 50,55 hectares
produção – 646.616 quilos
produtividade- 13.499,29 quilos/hectare
LIMÃO
produtores – 65
área- 47,8 hectares
produção- 729.022 quilos
produtividade – 27.719,46 quilos/ hectare
FEIJÃO VIGNA
produtores- 389
E VERDE área- 433,75 hectares
produção- 552.954,5 quilos
produtividade – 1.996,78 quilos/ hectares
SUINO
produtores – 5.573
rebanho- 52.717 cabeças
cabeças comercialçizadas – 25.819.
BOVINOCULTURA DE LEITE
produtores- 10.265
rebanho assistido- 164,8 cabeças
produção obtida – 60,7 milhões de litros/ano
produtividade- 1.029,8 quilos/vaca/ano
GALINHA CAIPIRA
produtores – 15.401
plantel existente – 514.644 cabeças
aves comercializadas- 203.675 cabeças
produção de aves – 15.035.849,5 unidades.
Dados fornecidos pela Gerência de Projetos e Programas (GEPRO)
técnico responsável: Gecilda Nunes
Assessoria de Comunicação da Ematerce
Jornalista Aécio Santiago – aecio.santiago@ematerce.ce.gov.br
Jornalista Edilmo Gurgel – edilmo.gurgel@ematerce.ce.gov.br
Jornalista Antônio José de Oliveira- antonio.jose@ematerce.ce.gov.br
Telefone- (85) 3217 7872