Projetos de irrigação no Baixo Jaguaribe são alternativas para incremento da produção

29 de novembro de 2018 - 21:39 # # # #

Ascom / Aécio Santiago - aecio.santiago@ematerce.ce.gov.br

O secretário do Desenvolvimento Agrário (SDA) De Assis Diniz e o presidente da Ematerce (Empresa de Assistência e Extensão Rural do Estado do Ceará) Antônio Amorim visitaram, nesta quarta-feira (28), propriedades rurais, que mantém projetos de irrigação descentralizada, fruticultura irrigada e psicultura.

O sonho de ver os agricultores e suas áreas em plena produção e com pouca água vem se realizando. O sonho foi conferido nesta quarta-feira (28), pelo presidente da Ematerce Antônio Amorim, um dos principais incentivadores e articuladores dos projetos de irrigação descentralizada e consorciada.

A primeira área visitada pelo presidente, o secretário De Assis Diniz e técnicos da Ematerce e SDA foi a propriedade do produtor Tinha Rodrigues, na Linha Base de Baixo, zona rural de Morada Nova. O objetivo, conhecer os associados e agricultores do Projeto de Fruticultura e Horticultura Irrigada. O encontro ocorreu na Fazenda Saco Grande, de sete hectares.

Para Amorim, o grande sucesso do projeto está no cultivo consorciado de culturas que se complementam, como é o caso da batata doce e da acerola orgânica. “Com a mesma água onde posso fazer a irrigação da acerola, utilizo para a irrigação da batata doce, uso a rama da batata para alimentos dos animais, aumentando a capacidade de produção de leite, a batata pode ser vendida para produção de etanol ou ração animal reduzindo custos com insumos e a batata ainda ajuda a fertilizar o solo”, complementa Amorim.

Mesmo com a acerola crescendo, acrescenta Amorim, ela não impede a colheita da batata, tornando-se uma cobertura verde e diminuindo o uso da água. O cenário de sucesso com o uso 26 hectares por 25 associados da região do Baixo Jaguaribe é confirmado pelo presidente da Associação dos Produtores de Orgânico do Perímetro Irrigado do Tabuleiro de Russas, que desde 2011 atua na produção de acerola e agora com o tipo orgânico.

Para De Assis, o Estado tem o desafio de trabalhar em cadeias produtivas. “Em 2019 enfrentaremos um novo ciclo para a agricultura do Brasil. E nós temos conceber modelos que ajudem a transformar e dar sustentabilidade agregar, renda … e trazer à agricultura familiar um valor fundamental que é tratar a agricultura familiar como um negócio”.

A produção de 2017 comemoram os associados, já atingiu a marca de R$1 milhão comercializados e com a perspectiva de crescimento. “Estamos nos organizando para criação de uma cooperativa para atuarmos mais fortes na comercialização dos produtos”, explica o produtor Francisco Mário de Sousa Silva, da Optar Orgânica, outra associação que atua na região.

Atualmente, a associação reúne sócios produtores dos municípios de Russas, Quixeré, Limoeiro do Norte e Morada Nova.

Exportação

Com o uso adequado dos recursos, ainda que escassos como é o caso da água, produtores encontram cada vez mais os meios necessários para o melhor aproveitamento do solo, da água, das sementes, da tecnologia e das inovações.

Além da acerola, atualmente está se desenvolvendo o enxerto de uma espécie de caju para o melhoramento da colheita do fruto. “Uma das nossas metas é começar a vender para o governo, através do PAA e PNAE, e por isso investimos forte em treinamento, capacitação, estudos”, diz o presidente da associação Iran Arcino.

Não à toa que empresas de Israel e da Àustria vem se consolidando na região para estabelecer comércio no Baixo Jaguaribe. Com 25 anos no mercado e especialização em solo e biodinâmica, o técnico Valdeci Queiroz, especialista em fruticultura orgânica, explica que há uma busca crescente de compradores europeus por produtos sem resíduos químicos.

Durante a visita, o gerente local da Ematerce de Morada Nova Elói Marques, ainda enfatizou que na região, já existe produtor conseguindo duas variedades de flores, o que pode causar um impacto muito positivo entre os produtores, já que teoricamente o clima semiárido não favoreceria esse tipo de produção.

“É uma necessidade de saúde pública. Quem deseja se consolidar nesse mercado, precisa estar enquadrado nesse modelo, que prioriza o cuidado com o solo, o manejo dos produtos”, orienta Valdeci, que vem realizando treinamento em vários municípios e confirma a demanda grande de profissionais que precisam se capacitar para essa realidade de mercado.

De acordo com a Secretaria do Desenvolvimento Agrário e de Irrigação do município, o Plano de Agricultura prevê a implantação do polo de agricultura orgânica da cidade. Para gerar emprego e renda para produtores, a Seagri, com apoio da SDA, quer implantar sistemas semelhantes para o caju, abaxi, goiaba, limão, maracujá, manda, consorciados com hortaliças e culturas de ciclo curte.

Inovação

Além do secretário De Assis Diniz e do presidente da Ematerce Antônio Amorim, estiveram presentes na comitiva os coordenadores do Desenvolvimento da Agricultura Familiar (Codaf) Neyara Lage, de Apoio às Cadeias Produtivas da Pecuária Márcio Peixoto e o gerentes local da Ematerce Elói Marques Eliaci Pinheiro e o gerente regional do Baixo Jaguaribe Benício Diógenes.

Em Tabuleiro do Norte, sob a coordenação do gerente local Eliaci Pinheiro, foram apresentadas as ações também na área de fruticultura irrigada (coco, acerola, caju), piscicultura e carcinicultura. Na ocasião, Eliaci apresentou um balanço do ano de 2018 na região, entre eles destacando-se:

O projeto de custeio de 9 apicultores no valor de R$ 86.259,00 (Via crédito Pronaf)

5 projetos de investimentos Irrigação em Minha Propriedade (PIMP) contratados,

05 projetos de Pré-instalados e 23 projetos elaborados, totalizando 28 beneficiários

59 solicitações de projeto

Aquisição de 02 microtratores, um poço profundo e 2 sistemas de irrigação, cerca de arame, aquisição de colmeias e cerca alveolada, no total de R$ 73.729,00 (Via Pronaf)

13 testes de bombeamento para outorga d´água

3.650 registro de DAP´s no sistema

Na propriedade de José Francisco de Oliveira, na comunidade de Cobiçado, em Tabuleiro, alcança-se em boas condições e no período correto, 50 quilos de mel por colmeia, usando alimentos como milho, soja e garapa. O agricultor também produz coco e mantém criação de caprinos.

O estudo agora, segundo o próprio produtor, é como se adequar e se enquadrar em novo perfil para cada vez mais se consolidar como microempreendedor rural, uma realidade cada vez mais dinâmica, presente e necessária ao agricultor familiar.

Como destacou a coordenador da SDA Neyara Lage em visita a essa propriedade, pequenas ações podem ser uma boa inovação como aproveitar a palhada do coco para alimentação de cabras e a fertilização do próprio solo com o esterco animal. São os bons resultados para o futuro da agricultura.

 

Fotos: Aécio Santiago