Vale do Forquilha: Projeto Pingo D´Água melhora condições de vida de comunidades rurais 

6 de setembro de 2019 - 15:20 # # #

Texto e fotos: Antonio José de Oliveira - Assessor de Comunicação Social E-mail: antonio.jose@ematerce.ce.gov.br Fone: (85) 3217.7872

O Projeto Pingo D’Água está fundamentado, no sistema de produção agrícola, por meio da irrigação, graças à adaptação de tecnologia simples, ou seja, a perfuração de poços rasos, que permite o abastecimento regular de água para o cultivo, consumo humano e animal.

O presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), Antonio Rodrigues de Amorim, acompanhado do assessor de comunicação, Antonio José de Oliveira, visitou, no dia 4 de setembro de 2019, duas unidades (fazendas) do Projeto Pingo D’Água, no Vale do Forquilha, no município de Quixeramobim-CE, a 250 km de Fortaleza-CE.

A primeira visita foi na propriedade, onde reside o agricultor familiar Deusimar Cândido de Oliveira, 54 anos, assistido pela Ematerce com ações do Núcleo de Irradiação de Tecnologia (NIT). A visita deveu-se ao fato de o dirigente da Ematerce desejar conhecer o cultivo de tomates orgânicos, com 1.700 plantas, variedade Dove, e a utilização de triciclos, sendo um adaptado para pulverizar lavouras, com capacidade para 62 litros (vendido por R$ 3.500,00), e outro com pequena carroça (suportando até 600 kg e vendido por R$ 2.800,00), para transportar frutas, hortaliças, e outros produtos agrícolas e materiais, sem serem carregados nas costas.

Casa da família do agricultor Deusimar Cândido de Oliveira.

O uso desses triciclos (fotos abaixo) evita esforços físicos, por parte dos agricultores e perdas de tempo na pulverização e na locomoção de produtos. Importante enfatizar que o uso, na pulverização, além de economizar tempo, dispensa o pagamento de diárias a quem pulveriza as lavouras, afora abranger uma área maior das culturas, realizada em menos tempo.

Em seguida, Deusimar mostrou áreas com mudas de bananeira, cajueiro-anão, capineira, mandioca, cana-de-açúcar, acerola, pimentão e atemoia. Há cinco pequenos tanques para criação de tilápias, e dois tanques para produção de biofertilizantes, usado na adubação das lavouras. Na propriedade, é explorada, também, a bovinocultura de leite (20 cabeças), cujas vacas produzem, diariamente, 120 litros, vendido a R$ 1,15 o litro para uma indústria local. Falou que há, também, três tanques, para guardar o leite, e um tanque para depósito de sêmen.

Presidente da Ematerce testa o funcionamento do triciclo com pulverizador e elogia o fabricante.

A carroça, atrelada à motocicleta, pode transportar até 600 quilos de produtos agrícolas ou outros materiais. Na foto, o fabricante, de camisa vermelha; o agricultor familiar Deusimar de Oliveira, e o dirigente da Ematerce, Antonio Amorim. Ainda na foto, uma das cisternas, para captar água de chuva.

Prosseguindo com suas informações, Deusimar mencionou o funcionamento de uma pequena indústria de polpas, 01 caminhão com refrigeração, para transportá-las aos compradores, isto é, às escolas públicas municipais e estaduais de Quixeramobim. Sobre o abastecimento de água, disse ser retirada de poços em aluvião (vazão de 20 a 30 mil litros) e, em cristalino, (4 a 16 mil litros), para consumo humano, animal e irrigação de algumas culturas.

Área experimental com tomates orgânicos (plantio irrigado) em solos do semiárido. Com assistência técnica e extensão rural, as culturas  alcançam resultados satisfatórios e produção de qualidade.

Para reforçar o armazenamento de água, foram construídas duas cisternas, cada uma com capacidade de 14 mil litros. Lembrou, ainda, que funcionam escolas de ensino, do fundamental ao 2º grau, e os alunos dispõem de transportes escolares, para levá-los aos estabelecimentos de ensino. Afirmou estar satisfeito com a prestação de assistência técnica e extensão rural pela Ematerce e finalizou dizendo que, no Vale do Forquilha, moram 1.000 famílias, distribuídas em comunidades. No Projeto Pingo D’Água, o Cooperativismo tem voz e vez, prevalecendo o coletivo.

Os tomates orgânicos, com orientações técnicas dos extensionistas, ainda serão colhidos. Na foto, apenas uma amostra, pela aparência, de que serão de qualidade.

A criação de tilápias, em tanques, ajuda a aumentar a renda do agricultor, além de ser mais um tipo de alimento para a família. Segundo Deusimar, com seis meses, as tilápias pesam entre 600 a 700 gramas.

PEQUENA INDÚSTRIA DE POLPAS

Na propriedade do agricultor Deusimar, no Vale do Forquilha, funciona uma pequena indústria de polpas, cuja responsável é Antonia Marleide Carneiro Vitoriano (na foto), formada pelo Curso Superior de Tecnologia em Alimentos, (Fatec do Sertão-Central), em Quixeramobim. Na entrevista, mencionou que são processadas diversas frutas, como: goiaba, caju, maracujá, seriguela, manga, graviola, acerola, porém algumas dessas não são cultivadas na propriedade.

Prosseguindo com as informações, Antonia Marleide destacou que a produção de polpas, por semana, é de 2.500 quilos, estes vendidos para escolas municipais e do Estado. Detalhou que, em um mês, atinge 10 mil quilos, e um faturamento mensal de R$ 75.000,00. Voltou a comentar que algumas frutas são plantadas, no Vale de Forquilha, e que outras são adquiridas na Ceasa. Lembrou, também, que, ultimamente, surgiu a oportunidade de se comprar as denominadas pastas de frutas, acondicionadas em tambores, o que torna mais fácil e rápida a fabricação das polpas. Em termos de geração de empregos, a pequena indústria de polpas ocupa 8 pessoas.

A segunda visita foi ao agricultor Francisco Benedito da Silva (o Dudu), com 59 anos de idade, na foto, com o presidente da Ematerce. Na oportunidade, falou um pouco sobre a plantação de 500 pés de bananeira prata/catarina, além de pequenas áreas com macaxeira, cana-de-açúcar, milho, feijão-de-corda, batata-doce, caju e capim. Disse que, na irrigação das bananeiras, é utilizada por microaspersão, o que favorece sua economia. Já a água, para consumo humano, animal e irrigação,  é retirada de poços e de cisternas.

OPINIÃO SOBRE AS VISITAS

Para o presidente da Ematerce, Antonio Amorim, as visitas proporcionaram-lhe momentos de satisfação, por constatar inovações, nos empreendimentos agrícolas, bem administrados e assistidos pelos extensionistas da empresa. Acrescentou que o uso de motocicletas (triciclos), acopladas a um pulverizador e a uma pequena carroça, facilita o trabalho dos agricultores, com economia de tempo, durante a realização de suas tarefas agrícolas, incluindo a redução dos custos operacionais, referentes ao pagamento de diárias, ao deslocamento da produção de frutas, hortaliças, capim de outras culturas das áreas do plantio até aos locais, destinados ao armazenamento e posterior comercialização..

O presidente Amorim parabenizou o agricultor Dudu, por sua dedicação, ao cultivo de lavouras, visto seguir à risca as recomendações técnicas dos extensionistas. 

Amorim referiu-se, outrossim, à implantação do Núcleo de Irradiação de Tecnologias (NIT), ou seja, um modelo de planejamento e organização, direcionado para o trabalho de prestação de serviços rurais, que busca construir ações sistematizadas de todos os projetos envolvidos, para difusão e transferência de tecnologia.

Importante destacar que os agricultores, com terras férteis, irrigação no momento certo, tecnologias de ponta, uma assistência técnica e extensão rural podem alcançar elevada produtividade e produzir gêneros alimentícios de qualidade, tanto para o consumo familiar, quanto para a venda nos mercados compradores.

UM POUCO DO PINGO D’ÁGUA

Este projeto, segundo o historiador e jornalista Crisanto Teixeira (falecido), foi implantado pela prefeitura de Quixeramobim, em 1998, sendo administrado pela Secretaria Municipal de Agricultura e Recursos Hídricos. Inicialmente, o órgão fez parcerias com a Universidade Estadual do Ceará (UECE) e Universidade de Tours na França. Na época, foram contratados técnicos agrícolas, que passaram a residir na área geográfica do projeto, intensificando, assim, a assistência técnica e extensão rural. O projeto tem o propósito de fixar o homem do campo, impedindo-o de se deslocar para o Centro-Sul do Brasil, quando do período de secas.

Ainda a respeito do Projeto Pingo d’Água, vale ressaltar que o pioneiro, na sua criação, foi o engenheiro francês Julien Burte, porém contou com outros órgãos parceiros, como: Sebrae-Quixeramobim, Governo do Estado do Ceará, por intermédio de seus órgãos, dentre os quais a Ematerce/Escritório Regional do Sertão-Central. Este projeto beneficia várias associações de produtores rurais. Na verdade, o Projeto Pingo d’Água, no decorrer dos anos, vem contribuindo para a melhoria das condições socioeconômicas das pessoas residentes no Vale do Forquilha.