Produtores de caju investem em variedade para incremento da colheita – Parte I

7 de setembro de 2019 - 14:51 # #

Ascom / Aécio Santiago - aecio.santiago@ematerce.ce.gov.br

Mesmo com o desafio de enfrentar vários de estiagem, produtores da cajucultura vem superando a crise hídrica com tecnologia e diversificando a produção com vários tipos do clone anão precoce. A cadeia produtiva na região do Baixo Jaguaribe, município de Tabuleiro do Norte, 210 quilômetros de Fortaleza

Combate adequado de pragas, manejo correto do cajueiro anão precoce, poda com o planejamento e manuseio com maquinário indicados, capacitação e identificação do mercado para o escoamento lucrativo do produto. Na propriedade da família Soares Nobre, na localidade do Baixio do Pedro, em Tabuleiro do Norte, essas práticas vem sendo seguida à risca e demonstrando um importante resultado comercial, apesar de invernos irregulares e estiagem. A área total atualmente é 11 hectares.

Mesmo com uma queda da Cajucultura em todo o Ceará, os produtores atuam fortemente para colocar o estado numa posição de destaque. Para Ricardo Soares Nobre, 40, o ano de 2019 é um reflexo desse investimento em conhecimento e soluções alternativas. “De abril até agosto eu tenho produção de caju e com uma chuva razoável, a colheita vai até o final do ano. Agradecemos muito à equipe da Embrapa, Ematerce, Senar, que esteve sempre com cursos, dias de campo e facilitou nosso entendimento sobre a maneira correta da poda, o trato na coleta”, explicou Ricardo, que comercializa cerca de 70% (mais de cinco toneladas) para uma fábrica de processamento na região (foto acima) Atualmente, no período de safra, cerca de oito pessoas formam a mão de obra, o que pode duplicar nos próximos dois anos, segundo o próprio administrador do sítio.

Recentemente, 25 produtores participaram do curso pelo Senar, incluindo gestão de negócios em área rural. A outra parte da produção é comercializada diretamente nas feiras e o comprador direto. Mesmo numa área de sequeiro, os produtores obtêm bons resultados nos últimos dois anos, resultado de um melhor planejamento e diversidade no uso dos clones de cajueiro anão precoce como o clone 51.

Durante visita à propriedade, a equipe de técnicos da Ematerce coordenada pelo gerente local da Ematerce (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Ceará) de Tabuleiro do Norte-CE, o engenheiro agrônomo José Eliaci Pinheiro Peixoto com a participação do diretor técnico Itamar Lemos e o técnico em Agropecuária Damião Silva, identificaram a forma como os produtores vêm desenvolvendo, dinamizando oportunidades, principalmente, no máximo do potencial de clones do cajueiro tipo 51 e 76, o primeiro o que vem mais se adaptando ao clima do Semiárido, sendo mais resistente e de melhor aproveitamento para o consumidor final. Outros tipos de clone utilizado foram o 226, 265 e 76. (foto acima)

Além dos cursos, a aquisição pelos produtores de mudas de caju pelo Programa Hora de Plantar do Governo do Ceará e distribuído por meio da Secretaria do Desenvolvimento Agrário e Ematerce, ajudou no incremento produtivo. Atualmente, o produtor alcança o preço final do quilo da castanha a R$ 3,60.

Para o diretor técnico Itamar Lemos, a profissionalização da cajucultura é o único caminho para a retomada do crescimento do setor, tão importante para o estado. “Da escolha do tipo de clone que vai se trabalhar, o combate das pragas, a poda bem manejada, a valorização da comercialização da castanha e do pedúnculo juntos, o estudo de mercado, a gestão do negócio, são essenciais pra extrair o máximo do caju”, enfatizou Itamar Lemos.

Na colheita de 2019, os produtores do Baixio do Pedro e do Sítio Santo Antônio tiveram muita interferência com a com a praga conhecida por Cascudo (foto acima), que afeta diretamente o crescimento do caju. Na propriedade do produtor Raimundo Lopes da Silva (conhecido por Mundico), 73 anos, experimentou-se o combate através de armadilhas com lâmpadas e o resultado tem sido satisfatório. A mosca branca, outra ameaça à colheita, também foi combatida em tempo hábil para impedir maiores danos aos pés de caju.

Crescimento

Com a melhor análise de lucro, custo e investimento, a partir dos cursos junto ao Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) família já planeja incremento na produção com a aquisição de mais 16 hectares até 2020. Em 2019, o aumento no resultado final da produção teve um aumento de cerca de 90% em relação ao ano passado, quando foram colhidos 3.739 quilo do pedúnculo e 1mil da castanha por hectare.

“Só começamos a mudar a poda em 2017, porque antes o pedúnculo era retirado com vara”, diz Ricardo que está adquirindo novos implementos no valor de R$160 mil junto ao Banco do Brasil para melhorias na cultura. A Ater (Assistência Técnica) junto à instituição financeira é da Ematerce.

Em conversa com produtores, o problema da estiagem nos últimos sete anos, foi um problema crucial para a redução de área plantada no município de Tabuleiro do Norte, cerca de 67% de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Este cenário, no entanto, vem sendo revertido gradativamente.

Para Ricardo Nobre e seus irmãos, o aprendizado é constante e aliar isso ao conhecimento nos cursos e o apoio da Ematerce, garantem um aproveitamento melhor no campo. “Antes dávamos ao cajueiro precoce o mesmo trato do cajueiro gigante, fazendo a poda errada, tendo um resultado abaixo do que poderíamos ter. Isso começou a mudar em 2017”, salienta Ricardo.

Balanço Ematerce em Tabuleiro

No escritório da Ematerce em Tabuleiro, o gerente regional José Eliaci Pinheiro Peixoto apresentou um balanço dos últimos nove meses de atuação da entidade na região, conforme segue abaixo.
– Palestra sobre inseminação com participação de 26 produtores;
– Botijão de inseminação entregue pela Secretaria do Desenvolvimento Agrário;
– Entrega e orientação de equipamentos de instalação de projetos de irrigação/inseminação
– 200 Poços profundos com acompanhamento técnico
– Participação em feiras agropecuárias com uma feira realizada em 2019 e outra programada para outubro
– Crédito Rural em projetos de investimento no total de cinco projetos no valor de R$ 226.797,00 em atividades como irrigação, banana e instalação de bovinos
– Projetos de custeio no total de 12 no valor de R$ 124.550,00, sendo a apicultura a atividade mais desenvolvida
– Na Apicultura, foram trabalhadas unidades com 12 colmeias, transferência de tecnologia com participação do IFCE, produção de rainhas, comercialização do produto, coletiva e envio de amostra para análise de umidade; e
– Reunião com apicultores e empresa com participação de 55 produtores

Equipe técnica: Gilmara Barros, Leiliane Pinheiro, Ranalfo Santos, Damião Silva, Talles Bessa