Piauí: Comunidade mantém projeto de irrigação com uso de energia solar

24 de dezembro de 2019 - 14:31 # # # #

Ascom / Aécio Santiago - aecio.santiago@ematerce.ce.gov.br - fotos: Aécio Santiago

Distante 461 quilômetros da capital Teresina, a comunidade Abelha Branca, no Piauí, é referência na região por manter um projeto de irrigação com uso de energia renovável. Técnicos e gestores de Ematers de seis estados, incluindo o Ceará, encerraram a visita de intercâmbio nesta última terça-feira (17)

Andar sete quilômetros todos os dias para buscar água para o consumo humano e alimento dos animais. Essa era uma das rotinas dos moradores da comunidade Abelha Branca, no município de Paulistana/PI há pouco mais de quatro anos.

Por problemas com incompetência e a burocracia do Governo Federal, os trabalhadores rurais e os moradores tiveram negado o acesso ao Programa Luz Para Todos desde 2016, deixando de lado o projeto Repalma, que consiste na plantação de palmas para alimentação dos animais, e perdendo um repasse de R$ 300 mil reais da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), pois no local nunca havia chegado à rede de distribuição de energia.

Um galpão chegou a ser montado pelos moradores, mas pela falta de energia o repasse para dar continuidade ao projeto não foi aprovado. A aquisição de um trator também foi prejudicada, embora os produtores justificassem que não precisava de energia para uso do trator no arado.

O produtor João José da Costa e outros associados da Associação de Produtores Rurais do Povoado Abelha Branca viram que a luta iria ser grande até conseguir acesso aos direitos básicos para viver e produzir.

Junto com o pai, amigo e membros da família e da associação, João da Costa investiu na aquisição de seis placas solares e perfuração de um poço com capacidade de seis mil litros/hora. O projeto, financiado por R$15 mil pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) via Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), com carência de três anos, transformou a realidade dos agricultores e 23 associados da Associação de Abelha Branca, que agora trabalham com ovinos e caprinos, um total de 100 animais, além da irrigação de sorgo, palma, algodão agroecológico consorciado com gergelim e produção de mel, num total de 15 colmeias.

Com o acesso mais rápido à água, João já viabiliza o fornecimento para comunidades vizinhas. Com capacidade para seis mil litros d´água/hora, a Comunidade Abelha Branca agora só ganha as manchetes do noticiário pela sua capacidade produtiva nos 100 hectares de propriedade, da suinocultura e avicultura até o sorgo consorciado com gergelim e milho, além da apicultura. Atualmente, são 15 colmeias produzindo cerca de 50 litros/mês.

“Nossa meta é nos qualificarmos cada vez mais. Queremos passar de passar de criador para produtor, atingir outro patamar, que inclui uma melhor comercialização do que produzimos aqui”, explica Osvaldo Costa, produtor e uma das lideranças da associação. Os projetos na comunidade contam com a assistência técnica da Emater – PI, através do extensionista Juvaldi Luz.

Dessalinização

Antes da visita à comunidade Abelha Branca, aconteceu uma atividade na comunidade quilombola Laranjo, no município de Betânia, para conhecer um sistema de dessalinização do Programa Água Doce, executado no Piauí pelo Emater – PI. Os componentes do intercâmbio observaram como os moradores fazem uso do sistema e tiveram a chance de vê-lo funcionando.

Para o diretor geral do Emater-PI, Francisco Guedes, “a nossa intenção foi realmente de troca de experiências. Firmamos esse compromisso para conhecer exemplos que podem alavancar o IDH dos municípios. São projetos que caminham para a autossuficiência alimentar e de mercado”, ressaltou Guedes.