Ocara: produtores diversificam produção com piscicultura
13 de março de 2019 - 09:45 #camarão #ocara #tilápia
Ascom / Aécio Santiago - aecio.santiago@ematerce.ce.gov.br
Apesar da quadra invernosa de 2019 se apresentar positiva para a produção agrícola cearense, muitos produtores vem apostando na diversificação de culturas como forma de reduzir a dependência das chuvas, sempre irregulares e escassas como aconteceu na estiagem de 2012-2017
A agricultora Maria de Fátima Cirilo da Silva, 41, já vem fornecendo vários produtos para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar), através da Cooperativa da Agricultura Familiar de Ocara (Cooaf). Moradora do Sítio Santa Maria, no Assentamento 7 de Setembro, a cerca de 26 quilômetros da sede do município de Ocara, Fátima compõem um grupo de mais três famílias, que comercializam há três anos cerca de R$5mil para o PAA e R$700 ao Pnae, anualmente. No total, o assentamento abriga 44 famílias produzindo.
A produção consorciada de mamão, goiaba, coentro, pimentão, cebolinha, acerola, garante rende durante todo ano e é abastecida por dois açudes e poço profundo. Recentemente, a família da produtora também investia na criação de tilápia e verificou a melhora na colheita de frutas e hortaliças, a partir da água fertilizada dos peixes. “Tivemos que parar por um tempo, porque faltou uma pessoa pra cuidar dos peixes, mas queremos voltar a criar. A água dos peixes é rica em nutrientes e a colheita de algumas frutas como o mamão foi mais rápida”, disse Fátima.
No formato de mandala, a produção vem crescendo e animando os produtores, que fazem questão de usar defensivos naturais como o Nim, a manipueira e o fumo. O filho de Fátima, Romário de Sousa, 25 anos, já vem se especializando no manejo do solo e na produção de orgânicos, uma preferência e exigência cada vez mais forte no mercado local. Atualmente já são 42 famílias criando tilápias e duas com camarão. Em 2018, foram fornecidos para o PAA 200 kg de coentro e cebolinha, comercializados a R$20,00 o quilo e 50 quilos de cebolinha para o Pnae.
Atento a essa necessidade, a secretaria de Agricultura de Ocara em parceria com a Ematerce presta assistência técnica para melhorar o acesso ao mercado consumidor. “A secretaria tá sempre acompanhando o desenvolvimento do trabalho, as dificuldades e as oportunidades como acontece com o crescimento dos viveiros de peixes e camarão”, explica Sebastião Ribeiro Gomes, coordenador de projetos da Secretaria de Agricultura do município.
Ainda segundo o secretário de Agricultura do município Edmilson Lopes Filho, o órgão também encaminha o acesso dos produtores ao crédito junto ao BNB (Banco do Nordeste) e com o apoio da Ematerce, que faz o cadastro através da DAP (Declaração de Aptidão ao Pronaf). Além de produtores de hortaliças, frutas, peixe e camarão, Ocara já conta com cerca de 200 de apicultores na região.
O município também conta pequenas empresas de processamento de amêndoas de caju. A experiência no município também foi acompanhada pela equipe de reportagem da TV Verdes Mares, onde será exibida no programa Nordeste Rural no mês de março.
Mercado
Com o mercado cada vez mais aquecido, a região já fornece o peixo vivo para extração do filé branco em grandes frigoríficos. Para a produtora Francisca Simão, 42, o mercado local já atende sua demanda de produção, que já chegou a dois mil peixes em um dos três tanques que mantém no seu sítio, na Comunidade Fouveira, a maioria comercializado na própria região onde reside e entre os amigos e clientes que frequentam o campo de futebol que é alugado.
No sítio, Francisca já reutiliza a água do peixe na produção de milho, feijão e hortaliças e na sua análise o resultado tem sido evidente. “A planta cresce mais rápido e forte e tá sendo muito boa essa experiência”, diz a produtora.