Pronaf Mais Alimento incrementa produção de pecuária em Aiuaba

21 de setembro de 2020 - 21:08 # #

Aécio Santiago - aecio.santiago@ematerce.ce.gov.br - fotos: Aécio Santiago

A segunda reportagem da série Novos Sertões – O semiárido contado por sua gente – chega no município de Aiuaba, Sertões dos Inhamuns cearense, a 407 quilômetros de Fortaleza, pra contar a história de crescimento do setor de pecuária, mesmo num período de pandemia e com a economia ainda em fase de recuperação. Escutamos os depoimentos de três produtores, técnicos da Ematerce, que reforçam a importância do trabalho de Ater para o desenvolvimento das potencialidades locais e o incremente da renda para famílias inteiras.

Com apoio técnico da Ematerce, produtores rurais vêm incrementando a produção de pecuária de leite e de corte em localidades do município de Aiuaba, através do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) Mais Alimento, tendo com agente financeiro o Banco do Brasil, foram disponibilizados em dois anos cerca de R$2 milhões para custeio e investimento para Agricultura Familiar.

O custeio pecuário para aquisição de garrotes são dois (02) anos de prazo para pagamento e investimento com prazo de 10 anos sendo três (03) anos de carência e sete (07) anos para pagar em sete (07) parcelas anuais.

Com o projeto, ao acesso ao crédito e a assistência técnica pela Ematerce há quatro anos, a realidade de produtores como o engenheiro Antônio Tácito de Andrade (foto abaixo terceiro da esquerda à direita), 59, mudou completamente. Com uma área de 161 hectares, Tácito adquiriu 25 garrotes para engorda, mas já planeja utilizar a outra área ociosa da fazenda para outros projetos como o plantio de mogno irrigado, muda de árvore muito valorizada para comercialização no mercado interno e externo.

“Quero tornar toda essa área produtiva e rentável. Hoje, temos que pensar a fazenda Estrela Dourada como uma empresa para ter retorno de negócio”, destaca Tácito, que já se planeja para a venda dos animais aos abatedouros locais e para fora do município. Na propriedade do Sítio Baixio do Mota (também cadastrado como Santo Antônio), o produtor rural faz o trabalho para o uso da silagem como reserva alimentar animal.

Taxa de inadimplência do país

O financiamento de R$32.200,00 já está praticamente quitado com as vendas de alguns animais e a expectativa de comercialização de outros compradores. Cada animal é vendido a cerca de R$1.100,00. Segundo o gerente de serviços do Banco do Brasil de Aiuaba Wagner Rodrigues, a pecuária (bovinocultura e ovinocaprinocultura) vive um bom momento na região e responde por mais de 80% dos financiamentos de projetos feitos pelo banco aos agricultores familiares e é uma das menores taxas de inadimplência do país, com uma taxa no município de Aiuaba de 1,8% nas operações com mais de 90 dias de atraso, além de uma taxa de juros de 2,75% ao ano para custeio e 4% para investimento e carência de 12 meses para o início do pagamento.

Com uma pequena plantação de laranja e limão, Tácito prospecta agora investir em irrigação, aproveitando todo o potencial da propriedade, diversificando a produção e melhorando os processos produtivos. A visita nesta e em mais duas propriedades do município de Aiuaba, que atende produtores pelo Pronaf Mais Alimento, foi realizada pelo presidente da Ematerce Antônio Amorim, o diretor técnico Itamar Lemos, por técnicos da Ematerce da região, o gerente regional Francisco Barroso, local Francisco Heldo e o gerente de Serviços do Banco do Brasil Wagner Rodrigues.

Sítio Lagoa dos Vieiras

Em outra localidade, no Sítio Lagoa dos Vieiras, o agricultor familiar Dionísio Pereira Neto (foto acima de bermuda), assistido pela Ematerce há quatro anos pelo gerente local Francisco Heldo Batista, recebeu pelo Pronaf Mais Alimento 60 ovelhas matrizes, dois reprodutores e nove matrizes bovinas, no total de R$ 40.200,00.

Filho de Aiuaba, Dionísio Neto tem ao seu lado uma das bases que a agricultura familiar de base permite: o trabalho em rede familiar, que garante sustentabilidade, legado através do aprendizado para as próximas gerações e renda fortalecida numa cadeia comunitária.

Investindo forte na alimentação animal com sorgo, capim e milho, o produtor mantém três hectares dedicados apenas ao sorgo como forma de garantir uma reserva estratégica para períodos de estiagem. “Tem sido muito boa essa experiência, que compartilho com filhos, esposa, genro, todo mundo e tenho conseguido um bom preço no quilo do carneiro para o abate, de até R$ 6,00”, explica Dionísio.

Para o gerente regional da Ematerce Francisco Barroso, a região tem todo o potencial para se tornar um polo produtivo de ovinocaprinocultura. “Com 100 matrizes, o produtor pode ter uma renda líquida e livre de um salário mínimo com a venda dos animais, sem contar aí os outros ganhos com o leite e seus derivados”, enfatizou o gerente.

Produtividade

Na propriedade do ex-vendedor de crediário Francisco Júlio de Oliveira, 38, no Sítio Arara, a realidade ainda se divide entre a tradição e a inovação. Com a aquisição pelo projeto de 20 ovelhas, um carneiro, um touro reprodutor e 10 matrizes, Francisco já vê os resultados em pouco tempo. Mostrando uma das matrizes, disse que recebeu uma oferta recente de compra por R$5mil. “Não quis vender, mas é importante saber como está o mercado e que meu produto tem um bom preço. O leite eu já tenho o comprador certo, mas se produzisse 100 litros/dia, teria como vender também”, diz o produtor, que ainda não optou pela ordenha mecânica.

Na ocasião, foi questionado o porquê ainda não fez essa opção, que lhe traria pelo menos mais 20% de produtividade e poderia se dedicar a outras melhorias do sítio, mas justificou apenas que prefere a ordenha manual. Para o diretor técnico Itamar Lemos, essa é uma mudança de cultura, que pode ser feita gradualmente, mas que é preciso entender que dessa readequação está a sobrevivência sustentável da propriedade. “Vamos marcar um outro momento pra ele conhecer essa realidade em outros municípios e, quem sabe assim, se convencer que a ordenha mecânica não é apenas uma quebra de paradigma, mas uma necessidade de mercado”, explica Itamar.

Para o presidente da Ematerce Antônio Amorim, o acesso ao crédito é uma etapa do processo do desenvolvimento do produtor dentro daquela atividade. “O mercado está cada vez mais exigente e o consumidor cada vez mais seletivo. Essa pandemia exigiu uma adaptação muito rápida dos agricultores familiares e é preciso conhecer cada etapa do seu trabalho, da escolha da semente, do plantio, qual tecnologia pode lhe beneficiar. No caso, por exemplo, de uma prensadeira de queijo que vimos nessa última propriedade, uma simples adequação ao formato do corte do produto e ele poderia ter até obter um pouco mais de lucro na venda final ao consumidor. Nem todo cliente quer cinco ou 10 quilos de uma vez”, alerta Amorim, que reforçou que em todas as propriedades já há um bom trabalho com a silagem e a reserva alimentar animal.

Saiba mais

2014 Início da parceria Ematerce Aiuaba-Banco do Brasil Pronaf Mais Alimento
R$ 2 milhões: valor investimento pelo Pronaf no período de 2 anos na região dos Inhamuns
32 foram os projetos atendidos pelo Pronaf Mais Alimento via Ematerce, em 2020, sendo o investimento de R$ 477.527,41

Produtores Atendidos Ematerce
2014: 90 Produtores
2016: 85 Produtores
2017: 81 Produtores
2018: 17 Produtores
2020: 33 Produtores

Recursos liberados Pronaf Mais Alimento via Banco do Brasil
2014: R$ 1.730.879,98
2016: R$ 766.398,37
2017: R$ 1.045.458,13
2018: R$ 319.196,79
2020: R$ 476.554,72

Fonte: Escritório Ematerce Aiuaba