Café Especial Sombreado de Guaramiranga premiado no Brasil e assistido pela Ematerce
14 de agosto de 2024 - 15:22 #café arábico #Café da Serra de Guaramiranga #café especial sombreado #Café premiado 91 #Coronel Uchôa
Jornalista Valéria Barbosa - valéria.ferreira@ematerce.ce.gov.br Fotos: Germano Monteiro
Uma pontuação acima de especial, 9.1, foi a que recebeu a variedade catuaí vermelho, do café arábico, especial, sombreado, produzido no sítio Águas Finas, do agricultor, Francisco José Soares Uchôa, mais conhecido como coronel Uchôa, em Guaramiranga, a 100 km de Fortaleza. A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará – Ematerce, órgão vinculado à Secretaria do Desenvolvimento Rural – SDA, realiza um trabalho no Maciço de Baturité, na orientação do cultivo e manejo do café em áreas sob culturas nativas de alto e médio porte, localizadas na serra.
Existe hoje, por parte de quem visita a região montanhesa, a busca de desfrutar, não apenas do clima agradável que muda o visual da moda, por conta de temperaturas mais frias, à noite, mas também por uma lista com notáveis opções para o lazer, aventura, gastronomia e conhecimento. Com as cachoeiras e fontes de água; os seus casarios históricos, coloridos; pousadas para todos os gostos, perfilados nas ruas de subidas e descidas, entre pracinhas;, a sede de Guaramiranga e todo o seu entorno proporcionam aos seus visitantes uma estada que deixa saudades.
O Despertar
Francisco José Soares Uchôa, proprietário do sítio Águas Finas, do Casarão Uchôa e empreendedor da Rota do Café Especial, lavrando em 21 hectares, na área serrana de sua propriedade, todos os dias, falou que teve um “start”, e a paixão apareceu para a produção do café de sombra, especificamente, em 2010, apesar de já ser um cafeicultor cearense.” Disse mais: “entre 2010 e 2015 me engajei mesmo, saí para São Paulo, viajei para Minas Gerais e fiz cursos. Vi, então, que o nosso café é especial, único .”
Ilustrou com muito orgulho: “sou muito competitivo e estudioso sobre o pós colheita e nisso sou muito bom. Mas também não podemos trabalhar sozinhos. Tenho três ótimos colaboradores – o Rodrigo Franco, na área de administração; Iris Araújo, na contabilidade, turismo e conhecedora de café e o Jardelino na questão do plantio e manejo. Depois da colheita, toda a sequência de atividades – seleção de grãos, secagem, pesagem, torrefação, embalagem, dentre outras ficam sob as minhas orientações.” E sorrindo, brinca: “tirou do pé é comigo.”
Explicou o quão importante é a pós-colheita, visto que o café no pé tem 100 pontos, “dependendo do tratamento ele pode ir perdendo sua pontuação. Quando é colhido fica com 65, daí termos cuidado com as tarefas seguintes para atingirmos a pontuação acima de 8, que é de especial. Neste ano, fizemos uma grande parceira com a Ematerce, por intermédio do assessor regional de Baturité, o engenheiro agrônomo Levi Medeiros, e do técnico agrícola Carlos Porfírio, de Mulungu, que hoje aplicam tecnologias no manejo, com fins do melhoramento genético. Para isto, dei toda a liberdade ao Levi. Estamos conseguindo ótimos resultados. Todas as etapas nós repassamos para outros agricultores como no Dia de Campo sobre Café de Sombra.”
O Café
Falou das visitas, que constantemente recebe, de produtores do Nordeste e de outras partes do Brasil, para saber como são feitas as tarefas de campo e o pós colheita, originando um café excelente e de preço melhor. “Este ano fizemos um incremento de 5.00 mudas. Precisamos produzir mais café, as nossas próprias mudas, manter o padrão e aperfeiçoá-lo. Guaramiranga, Pacoti e Mulungu têm produtores de café. Desde o começo todo mundo desistiu de plantar na sombra, na floresta, e eu continuei, já atingindo 91,5 de pontuação, (mais que especial) na safra de 2022. O valor desta safra é mais caro, e a minha produção eu não vendo em mercearia, só aqui, no sítio. Estamos nos preparando para a seleção de outros pontos de venda. Tem produtor que vem de São Paulo, que chega na sexta-feira e volta no domingo, só para conhecer a lavoura do café sombreado. Vem até produtor de cacau, da Bahia, de café da serra da Diamantina, para inteirar-se sobre o que está sendo feito, no trabalho aqui com o café. O pessoal tem que acreditar, para ter o resultado. Precisamos trocar experiências.
Em sua narrativa disse que o plantio de café acontece mais em pleno sol, como no sudeste e no sul, e para atingir ser especial é preciso fazer o dever de casa bem direitinho, ter a ajuda da natureza, porque se chover na época da colheita, faz muita diferença, Salientou: “para tanto, precisamos da EMATERCE na realização de um sonho que é a Escola de Excelência de Café, porque tem muito filho que está continuando os negócios do pai, estudando, se formando, voltando e ficando, usando os avanços das técnicas, que hoje são oferecidas na agropecuária. Tudo é cronometrado: plantio; colheita com café maduro, sem deixar cair no chão; seleção; secagem; torragem; trituração, embalagem; dentre outros procedimentos. Necessitamos de um ambiente favorável, se bobearmos a gente perde. Eu sou um apaixonado pela natureza.”
O Empreender
Ao se mostrar empolgado pelo tema, continuou: “em razão desta paixão e da imensa procura manifestada por adultos e jovens para conhecer o local do plantio, na serra, criamos uma Trilha do Café, com mostragens e assuntos, também direcionados, para as crianças, com o acompanhamento de guia, Íris ou o Rodrigo, e que denominamos uma experiência. Acontece às 10 e às 14 horas, uma caminhada, com turistas de 1h a 1;30h, com algumas paradas no roteiro, para explicações sobre as 5 variedades do arábica plantadas ( Typica, Catuaí Vermelho, Catucaí Amarelo, Obatã e Japan) e 2, que, no momento, são vistas nos viveiros como mudas, Bourbon e Arará.”
À sombra das ingazeiras, os pés recebem 50% de sol numa medida correta; as folhas que caem delas já servem de adubo; a raiz da ingazeira ajuda a fixar no solo os nutrientes essenciais e o ingá consegue atrair para si o besouro, broca, para não atingir o café. Após o passeio pelo encantamento da vista da serra, com as suas três nascentes na propriedade, existem dois momentos de aprendizagem na sede do sítio, para verem a parte do pós colheita. Estas, ficam a cargo do proprietário coronel Uchôa, expondo sobre as atividades neste segmento de suma importância para o resultado da qualidade, bem como quanto a exploração de outras culturas, em todo o entorno. Ao final, ponto máximo, um lanche e a degustação de um café blend, frutado.
O Turismo
O potencial turística é enorme aliado ao plantio do café e a trilha. No centro da cidade de Guaramiranga a família Uchôa tem um Casarão, que hospeda turistas. A psicóloga Fernanda Aquino, assessora em agroecologia da Gerência de Apoio Técnico – GEATE, da gerência estadual da Ematerce, em Fortaleza, dirige o desenvolvimento das ações neste setor econômico, com outros técnicos da regional de Baturité e a engenheira agrônoma, Jocilene Pinheiro, também, assessora em agroecologia, do estadual. As propostas do turismo regional estão contidas no Plano de Reestruturação da Empresa, com algumas pautas definidas e outras já em pleno progresso, e que seguem sob a dinâmica das três diretorias, à frente o diretor presidente, Inácio Mariano.
Aos visitantes do Dia de Campo, Fernanda Aquino fez um convite para se conectarem com a paisagem natural, que vissem com respeito todo aquele atrativo, da produção e o manejo sustentável do café de sombra, um trabalho agroecológico, onde acontecem troca de saberes. Ressaltou que a trilha tem um forte ponto ecológico, sendo fonte de renda, e recebendo sempre mais turistas, todo dia. “Por este motivo a Ematerce e o senhor Uchôa estão estudando a viabilidade e a implantação de novos equipamentos turísticos para o lazer, o deleite, no prazer de acolher sempre mais visitantes.”