Quixeramobim: apagão causa prejuízos

21 de março de 2011 - 03:00

A atividade produtiva do município de Quixeramobim, sertão-central do Ceará vem sofrendo prejuízos, motivados pelas constantes interrupções no fornecimento de energia elétrica. O setor mais prejudicado é o da bovinocultura leiteira, em que o município se destaca como a maior bacia leiteira do Estado, com produção diária alcançando 120 mil litros de leite. Nas últimas décadas, a pecuária leiteira ganhou novo impulso, com a consolidação da atividade, na qual se destaca a modernização da produção, aliada à implementação de políticas públicas, voltadas para o apoio e para a sustentação do homem no campo.

 

De acordo com o agrônomo José Maria Pimenta Lima, presidente da Ematerce, o setor leiteiro tem uma importância considerável na geração de emprego e renda para todo o estado do Ceará. O crescimento do setor agropecuário, nos últimos anos, tem propiciado uma considerável fonte de emprego e renda para as famílias no campo e, dessa forma, tem evitado o êxodo rural. “O Governo do Estado tem sido um grande parceiro dos produtores de leite, quer seja com o apoio à extensão rural, bem como pelo aporte de insumos, como tanques de resfriamento e a melhoria genética do rebanho bovino”, destaca Pimenta.

 

Preocupado com os “apagões”, o presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará – Ematerce – vem acompanhando o desenrolar dos acontecimentos, ocorridos com maior intensidade nessa primeira quinzena de março. Na condição de porta-voz dos produtores de leite, Pimenta vê, com preocupação, as constantes interrupções no fornecimento por parte da COELCE. “Tomamos conhecimento que, em determinadas localidades da zona rural de Quixeramobim, grupos de produtores contabilizam a perda de mais de seis mil litros de leite”, denuncia.

 

Na zona rural de Quixeramobim, distrito de Encantado, distante 46 Km da sede, na fazenda Jucás, onde funciona a sede da Associação Comunitária Fazenda Teodósio, os prejuízos, além da perda do leite e da merenda escolar, agravam-se com a queima de máquinas e equipamentos. De acordo com o agropecuarista João Nogueira de Sousa, 70 anos, são constantes as faltas de energia em sua fazenda. Ele explica que, no último apagão, ligou para o disque Coelce 08002850196 e que só vieram à comunidade 48 horas depois. “Além da queda, o prejuízo foi maior, com a falta de energia, pois perdemos três mil e seiscentos litros de leite por conta do não-funcionamento do tanque resfriador; e ,quando a energia voltou, queimou duas geladeiras, um freezer, duas televisões, um computador, um ferro de engomar e um liquidificador”, contabiliza João Nogueira.

 

E os prejuízos também foram sentidos, no distrito de Encantado, dessa feita na Escola Municipal Francisco Ribeiro Nogueira, que atende crianças do pré ao 5º ano. Com o apagão, estragou os alimentos, destinados à merenda escolar, afora ter queimado os computadores do laboratório de informática daquela unidade educacional.

 

A professora Ana Cláudia Siqueira Nogueira diz estar preocupada com a situação. “Fiquei com muita pena de ver a merenda dos meninos ficar estragada por conta da geladeira não estar funcionando; tem também o motor da água que já queimou duas vezes; a gente tem dois motores, sempre tem um funcionando e o outro, lá na cidade, no conserto”, conta Ana Claudia.

 

No distrito de Belém, o apagão também provocou prejuízos. No Assentamento de Reforma Agrária denominado de “Recreio”, a descontinuidade do fornecimento de energia elétrica atingiu quarenta e oito horas. Por conta disso, cerca de quarenta famílias foram prejudicas, por não terem funcionando o tanque de leite.

 

Segundo a agricultora Neuda Nunes Saldanha, 56 anos, integrante da Associação Comunitária do Assentamento Recreio, foram perdidos mais de mil litros de leite. “Aqui, no nosso Assentamento, a energia faltou na terça-feira de carnaval e só veio chegar na quinta-feira, o leite azedou e tivemos que botar para os porcos”, relata a agricultora Neuda Saldanha.

 

Outra localidade afetada foi o distrito de São Miguel, distante 42 Km da sede. Naquela comunidade, o apagão durou cerca de 36 horas. Os maiores prejuízos ocorreram na Escola de Ensino Fundamental e Médio Andrade Furtado, na vila de São Miguel, que conta com aproximadamente 500 alunos matriculados nos três turnos. Conta o funcionário público Francisco Amâncio do Rego, auxiliar administrativo, que as perdas só não foram maiores, por conta de terem sido utilizadas algumas geladeiras das residências, em áreas não afetadas, para acondicionar carne e peixe, destinados à merenda escolar. “O apagão trouxe um problema para professores e alunos; a escola não funcionou, por dois dias, e as aulas terão que ser repostas, para não haver prejuízo no calendário escolar”, explica Francisco Amâncio.

 

Ainda na vila de são Miguel, quem amarga prejuízos é o comerciante Antonio Ailton, proprietário de uma sorveteria e bomboniere. Ele se diz preocupado com a situação, pois, nesse ultimo apagão, estava com quatro freezers abarrotados de sorvete e picolés, para vender durante o período do carnaval. “Aqui, eu pago a conta de energia em dia, variando entre duzentos e duzentos e cinqüenta reais, por mês, e agora estou no prejuízo que vai para perto de quatrocentos reais”, afirma o comerciante Antônio Ailton.

 

Vamos correr atrás dos nossos direitos, para sermos recompensados pelas perdas e, caso não sejamos atendidos, vamos para a Justiça; a Coelce tá economizando e prejudicando quem produz”, essa é a afirmação do agropecuarista Francisco Carlos Eloy, presidente da Associação dos Agropecuaristas do Sertão Central. Ele vai além e relata que, em Quixeramobim, existem muitos produtores que fazem a ordenha mecânica do plantel bovino e acondicionam o leite em tanques de expansão; portanto, pela precariedade dos serviços, a atividade encontra-se refém de um sistema que está posto em cheque.

 

Os problemas de desabastecimento no fornecimento de energia elétrica em Quixeramobim vêm motivando que consumidores busquem o ressarcimento na justiça. No PROCON da cidade já existem algumas demandas. De acordo com o advogado Ricardo Cavalcante, conciliador daquele órgão, pessoas que tiveram eletrodomésticos danificados fizeram reclamações e orienta que as queixas devem ser encaminhadas ao Procon, situado na Rua Cônego Pinto de Mendonça, nº 20, no centro. O telefone do órgão é (88) 88441.0043 – e-mail: Proconqxbim@hotmail.com

(Matéria redigida pelo jornalista Crisanto Teixeira, bolsista da Ematerce/Funcap).

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