Ematerce: Agricultura Familiar Transformando a Cajucultura Cearense

4 de outubro de 2016 - 03:00

 

 

O cultivo do cajueiro, no Ceará, abrange todos os municípios do Litoral, estendendo-se até à área semiárida, constituindo-se, em muitos locais, uma das poucas e rentáveis opções de exploração agrícola.  O Ceará é o maior produtor de castanha do país, ocupando, em 2015, uma área colhida de 374.426 hectares e produzindo, em torno de 52.118 toneladas, segundo dados do IBGE. Trata-se de uma cultura de relevante importância social e econômica, sendo responsável pelo emprego direto de 25.000 pessoas no campo e 12.000 na indústria.

 

O plantio de clones sadios provoca impactos significativos na produção e na renda do

agricultor.

 

Segundo o assessor da Cajucultura, no âmbito da Ematerce, Eng.º Agrº Egberto Targino Bonfim, a exploração da Cajucultura, em nosso Estado, ainda tem predominância de plantios com cajueiro gigante comum, de idade avançada, porte alto, submetidos a manejos inadequados e, consequentemente, alcançando baixos níveis de produtividade. Acrescente-se que uma série de transformações estão acontecendo, na Cajucultura cearense, provocando impactos significativos na produção, na área e na renda do agricultor.

 

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O Engº Agrº Targino Bomfim acompanha o cultivo de cajueiros-anões precoces nas propriedades rurais

assistidas pela Ematerce.

 

Como protagonistas deste processo transformador, estão os agricultores familiares cearenses(apropriação e aplicação dos conhecimentos), a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural – Ematerce – (sensibilização, orientação e capacitação dos agricultores), a pesquisa – Embrapa (geradora das tecnologias) e a Secretaria do Desenvolvimento Agrário – SDA – (coordenadora do processo).

 

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A substituição de copas em cajueiros improdutivos, aliadas a outras tecnologias transformadoras,

é responsável pelo aumento da produção, da produtividade e a qualidade dos cajus no Ceará.

 

Tecnologias Transformadoras

 

As transformações, na Cajucultura do Ceará, estão processando-se, graças à utilização de tecnologias disponíveis, tais como a utilização de clones mais produtivos de cajueiro-anão precoce, substituição de copas em cajueiros improdutivos, controle integrado de pragas, novas técnicas de colheita e pós-colheita e agregação de valores ao pedúnculo e à castanha, via industrialização da produção.

 

Os agricultores familiares cearenses utilizam, hoje, em seus plantios, sete clones de cajueiro-anão precoce, produzidos pela pesquisa, que são : CCP76, CCP09 , Embrapa 51 , .BRS 189 , BRS 226 ,BRS 265 e BRS 275. O Projeto Hora de Plantar da Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Ceará -SDA – com a finalidade de acelerar resultados, vem, desde 2007 , distribuindo mudas dos clones citados, sendo o ressarcimento feito pelo agricultor a partir do quarto ano .

 

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Frutos do cajueiro-anão precoce: cultura de relevante importância social e econômica,

 responsável pelo emprego direto de 25 mil pessoas no campo e 12 mil na indústria.

 

 

Até 2016, foram distribuídas 5.313.849 mudas para 13.628 agricultores familiares com uma área de 26.048 hectares. A substituição de copas, em cajueiros improdutivos, consiste em selecionar plantas improdutivas, cortar o tronco e fazer a enxertia, de 60 a 90 dias, após o corte, adotando um manejo racional das plantas cortadas.

 

Ressalte-se que, desde 2009, o Projeto Hora de Plantar, da Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Ceará – SDA – vem oferecendo subsídios aos agricultores familiares, objetivando dinamizar a Cajucultura cearense.  Até 2016, foram recuperadas 938.936 plantas, beneficiando 4.272 agricultores familiares em uma área de 23.458 hectares. As principais pragas do cajueiro são a traça da castanha, a broca das pontas e a mosca branca. Como principais doenças, é importante destacar a antracnose, o oídio e o mofo preto. O manejo integrado de pragas e doenças permite o controle racional das mesmas, minimizando os danos econômicos causados à produção.

 

Explicou Targino que as técnicas de colheita e pós-colheita têm a finalidade de serem produzidos castanhas e pedúnculos de qualidade e consistem na poda de limpeza e coroamento do cajueiro, seleção e colheita, diariamente, das castanhas e pedúnculos, descastanhamento e secagem corretos, seleção e armazenamento das castanhas e pedúnculos.

 

Evolução da Área Plantada

 

Informou Targino Bomfim que, até o ano de 2007, a área plantada com cajueiro-anão, no Estado, era de aproximadamente 30.000 ha; entretanto, somente no período de 2007 à 2015, foram implantados 60.008 hectares, através do Projeto de Expansão e Recuperação da Cajucultura do Ceará, coordenado pela Secretaria do Desenvolvimento Agrário -SDA e executado pela Ematerce.

 

Industrialização e Comercialização

 

A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará – Ematerce –  vem orientando os agricultores familiares, que pretendem industrializar a produção de caju, como uma alternativa econômica, estimulando a implantação de unidades de beneficiamento de castanha e de processamento do pedúnculo. Atualmente, a Ematerce vem assistindo 65 pequenas agroindústrias de caju com um total de 86 agricultores familiares.  

 

Esclareceu Targino Bomfim que as agroindústrias vêm processando, anualmente, 166.000 kg de amêndoas; 160.000 litros de cajuína; 9.850 kg de doces e 34.500 kg de polpa. A amêndoa, normalmente, é comercializada, via intermediários, que a transportam e a revendem, em Fortaleza, e demais regiões do Estado; também transportam o produto para outros Estados, como: Bahia, Minas Gerais, São Paulo dentre outros. Detalhou Targino que os produtos, originados do pedúnculo, são comercializados em nível municipal, regional e até estadual. Enfatizou que uma fatia significativa desses produtos é dirigida para os Programas Compra de Alimentos para Merenda Escolar (PNAE) e para o Programa Aquisição de Alimentos (PAA).

 

Modernização e Impactos

 

A Cajucultura, na Agricultura Familiar cearense, tem-se modernizado com o uso de novas tecnologias, como: clones produtivos, substituição de copas de cajueiros improdutivos, controle de pragas e doenças, mediante o manejo integrado, o uso de técnicas de colheita e pós-colheita e a industrialização da castanha e do pedúnculo.

 

As pequenas agroindústrias, implantadas, têm evitado a migração dos jovens para a cidade, assumindo esses novas atividades, que estimulam os processos de empoderamento e emancipação da juventude, o que contribui para amenizar o problema da sucessão rural. O aumento da produtividade da castanha e do pedúnculo tem saltado aos olhos, considerando que 1 hectare de cajueiro-anão precoce (mudas ou substituição de copas), com o uso de tecnologias racionais, produz cerca de 800 kg de castanhas e 7.200 kg de pedúnculo, enquanto o cajueiro gigante, na mesma área, produz apenas 200 kg de castanhas e 1.800 kg de pedúnculo.

 

Adiantou o assessor estadual da Cajucultura que, considerando-se o transcurso dos cinco anos de estiagem, podem ter provocado uma perda de até 60%, nas mudas distribuídas, restando 10.419 hectares e que a área de substituição de copas tenha sofrido perda de 20%, restando 18.666 hectares, estas áreas remanescentes produziram 23.348 toneladas de castanhas (R$ 3,00/kg)) e 210.132 toneladas de pedúnculo (R$ 0,40 kg) e, que, no caso de apenas 20% do pedúnculo seja comercializado, esta produção total implicará uma circulação a mais de R$ 86.854.400,00, na região produtora de caju, e na geração de mais 6.542 empregos diretos, no campo, além dos 17% do ICMS a ser recolhido com a comercialização da castanha.

 

Vale salientar que o Governo do Estado do Ceará, via SDA, no período de 2009 a 20015, investiu R$ 10.666.044,00, na distribuição de mudas de cajueiro, e R$ 10.531.491,00 no Programa de Incentivo à Substituição de Copas. Afirmou ainda que esses valores deverão retornar aos cofres do Governo, após 2 anos, considerando-se a cobrança de 17% de ICMS, referente à venda da castanha.

 

Para melhor ilustrar as explicações, acima citadas, Targino Bonfim contou com ajuda e apoio do colega da Ematerce,  Engº Agrº José Roberto Vieira Ribeiro, lotado na Gerência de Apoio Técnico (Geate), cujo resumo está abaixo discriminado.

 

PROJETO DISTRIBUIÇÃO DE MUDAS

ÁREA IMPLANTADA NO PERÍODO: 26.048 hectares.

PERCENTUAL DE PERDA: 60%

ÁREA CONSIDERADA: 10.420 hectares.

IMPACTO NA PRODUÇÃO (

toneladas):

castanha: 8.336

pedúnculo: 75.024

REPERCUSSÃO FINANCEIRA:

castanha: R$ 25.008.000,00

pedúnculo: (20%): R$ 6.001.600,00

PROJETO SUBSTITUIÇÃO DE COPAS

ÁREA SUBSTITUÍDA: 23.458 hectares

PERCENTUAL DE PERDA: 20%

ÁREA CONSIDERADA: 18.766 hectares

IMPACTO NA PRODUÇÃO (toneladas):

castanha: 15.013

pedúnculo: 135.117

REPERCUSSÃO FINANCEIRA:

castanha: R$ 45.039.000,00

pedúnculo(20%): R$ 10.809.200,00

RESUMO:

Considerando os dois programas:

castanha: R$ 70.047000,00

pedúnculo: R$ 16.810.800,00

total: R$ 86.856.800,00

GERAÇÃO DE ICMS DA CASTANHA:

R$ 11.907.990,00

VALOR INVESTIDO PELO GOVERNO NO PERÍODO:

R$ 21.197.535,00

 

Concluindo as informações, Targino garantiu que o valor investido, no período de 9 anos, retornará aos cofres públicos em dois anos.

 

 

Jornalista Antonio José de Oliveira

Assessor de Comunicação e Ouvidor da Ematerce

antonio.jose@ematerce.ce.gov.br

Fone (85) 3217-7872
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