Comunidade em Aratuba incrementa produção com apoio do Mais Alimentos

4 de dezembro de 2018 - 10:40 # # #

Ascom / Aécio Santiago - aecio.santiago@ematerce.ce.gov.br

O município de Aratuba, na serra de Baturité, já foi o maior produtor de alho no estado na década de 90. Mas depois que uma praga interrompeu toda a produção, os produtores encontraram nas hortaliças a alternativa econômica para continuar produzindo com qualidade, com reúso d´água e aproveitamento de uma área de mais 10 hectares.

Eles se organizam numa grande rede comunitária e colaborativa e através de uma cooperativa. O trabalho começa cedo com a irrigação do plantio de hortelã, uma das principais culturas comercializadas para mercados e Ceasa (Centrais de Abastecimento do Ceará) e a seleção das melhoras olericulturas (parte da horticultura que abrange culturas folhosas, raízes, bulbos, tubérculos, frutos diversos, coentro, alface, cebola entre outros).

Atualmente, o grupo de cerca de 19 produtores na Comunidade de Barreiros organizados na Cooperativa dos Agricultores Familiares de Capistrano já comercializa somente para a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) de Aratuba oito mil quilos/ano em alface, chuchu, cheiro-verde, espinafre, salsinha, repolho e rúcula e hortelã.

“Temos cinco famílias associadas e a cooperativa funciona há aproximadamente 10 anos. Estamos aprimorando o manejo do solo, das culturas, já temos uma produção de condimentos onde vendemos nas feiras e regiões vizinhas. Tem um grupo de Capistrano, por exemplo, que já coloca mel de abelha na merenda das escolas em Aratuba. O excedente é comercializado para a Ceasa”, explica Maria das Graças Roque da Silva, 52, presidente da cooperativa.

Com a adesão ao Programa Mais Alimentos, o escoamento da produção ficou bem melhor. Segundo o técnico agrícola da Ematerce em Aratuba, Hamilton Tomé da Silva, os produtores foram beneficiados com sete tratores, através do Programa Mais Alimentos da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead). São três 3 anos de ciência e sete anos para pagar

“Toda semana saem vários caminhões para abastecer os mercados. A produção aqui em toda a região vem crescendo satisfatoriamente, inclusive com o uso da hidroponia. Cerca de 150 poços já foram perfurados, sendo 64 em Barreiros, através do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar)”, diz o técnico, que desenvolve as atividades com a agente rural e engenheira agrônoma Evanir Brasil Germano e também acompanha todo o trâmite para inclusão dos produtores ao Pronaf (Programa de Fortalecimento da Agricultura), além de toda a assistência para perfuração de poços e monitoramento técnico na produção.

Incremento

Mesmo resolvido em boa parte o problema do recurso hídrico com os poços, os produtores têm buscado alternativas para o melhor uso da água na produção. Para Natan Freitas Cruz, o reúso tem sido uma solução importante para a estufa onde planta alface americana e crespa. “Hoje, com a reutilização da água através da hidroponia, eu consigo tirar até 700 caixas por semana para 15 ou 20 compradores de vários municípios como Beberibe, Russas, Limoeiro do Norte, além de mercadinhos e Ceasa”, diz Natan, que já vem experimentando a produção de morango com hidroponia e dentro da própria saca de adubação.

“Vi isso no Sul e tô fazendo essa experiência. Até agora tem surtido bom resultado. Se fosse usar o método tradicional do plantio direto na terra ia usar muito mais água e ter a produção reduzida pela metade aproximadamente”, comemora Natan. Hoje, o agricultor utiliza cerca de três mil litros dá água/dia.

Com a economia, Natan pode investir mais na produção, mantém todo o processo monitorado por câmaras e garante trabalho para duas ou três pessoas durante a colheita.

Associativismo

“Quando falta coentro pegamos de outra pessoa. Estamos sempre conversando sobre os problemas, as dificuldades, o que tá dando certo. Já vendemos um tempero especial completo e outro apenas com alho feito aqui mesmo e tem saído bastante, além de tomate cereja no azeite”, comemora a produtora Jacinta de Freitas Silva, 62 anos.

Junto com o produtor Raimundo Nonato Cavalcante (produtor de hortelã), o casal de agricultores José Paiva Pereira e Irene da Silva Pereira (foto), os produtores da Aratuba vêm cada vez mais diversificando as culturas, melhorando e dinamizando o processo produtivo, garantindo novas perspectivas para a agricultura familiar.

Mais Alimentos

O Programa Mais Alimentos financiou 16 mil tratores na safra 2016/2017. A quantidade corresponde a 40% dos veículos adquiridos pela produção familiar por meio de financiamentos no período. A inclusão de máquinas na agricultura familiar moderniza a infraestrutura de produção e fomenta o trabalho dos agricultores.

Os números são da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), parceira da Sead no programa.

O objetivo do Mais Alimentos, uma das 17 ações vinculadas ao Pronaf, é conceder em condições diferenciadas de crédito máquinas e outros equipamentos para a agricultura familiar.

“Os números mostram que máquinas estão indo para o universo da agricultura familiar e, melhor ainda, com créditos subsidiados por um programa do governo. Isso reforça a eficácia da política e o objetivo dela, que é chegar, de fato, ao ponto final, que é o agricultor familiar”, pondera o diretor do Mais Alimentos, Guilherme Martinelli.

Segundo o diretor, essa utilização de veículos acarreta em um aumento da produção com menos tempo gasto pelo agricultor. “Um produtor que demorava uma semana para preparar um solo passa, com o trator, a gastar um dia ou dois. Com isso, ele ganha a chance de diversificar a produção, melhorar a plantação, para pesquisar manejos mais adequados, além, claro, de ter mais tempo para outras coisas”, ressalta Martinelli.

Pronaf

O Pronaf auxilia agricultores, assentados da reforma agrária e povos e comunidades tradicionais que dependem da agricultura familiar oferecendo financiamento com juros menores que os cobrados no mercado. Na safra 2016/2017, o programa movimentou R$ 22,7 bilhões, cifra 3,4% frente à safra anterior.

Fonte: Portal Brasil, com informações da Sead

Fotos: Edilmo Gurgel