Cetrex: tecnologia de poda mecanizada do caju é apresentada por técnicos da Embrapa e Ematerce

11 de dezembro de 2018 - 18:43 # # # #

Ascom / Aécio Santiago - aecio.santiago@ematerce.ce.gov.br

Alguns maquinários para a poda do cajueiro podem não ser tão acessíveis aos pequenos e médios agricultores familiares, mas aderir à tecnologia através de associações, cooperativas ou mesmo de forma consorciada é a saída para o aumento da produtividade e a melhoria de um produto tão solicitado no mercado. Para discutir esses e outros temas, a Ematerce em parceria com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) realizou na manhã desta terça-feira (11), o Dia de Campo da Cajucultura Mecanizada, no Cetrex (Centro de Treinamento e Extensão Rural) no distrito de Capuã, em Caucaia.

Avaliar o custo da poda mecanizada, semimecanizada e convencional em pomar de cajueiro, pensar estratégias para o correto manejo da poda, da irrigação, da adubação e da colheita do caju foram algumas das pautas discutidas nesta terça-feira (11), no Cetrex, em Caucaia, durante o Dia de Campo da Cajucultura Mecanizada, que reuniu cerca de 40 técnicos da Embrapa, da Ematerce, Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA),Projeto São José e produtores rurais. O secretário adjunto da SDA José Leite Gonçalves também participou do encontro.

O encontro foi um pedido do diretor técnico da Ematerce Itamar Lemos, que viu o potencial para explorar o conhecimento da tecnologia da poda mecanizada do cajueiro no centro de treinamento da Ematerce, onde as plantas não vinham passando por este processo de mecanização. “Foi muito importante o apoio da Embrapa, que entrou com todos os equipamentos para fazermos hoje esta demonstração”, destacou Itamar.

Egberto Targino Bomfim, assessor estadual da Cajucultura pela Ematerce foi o responsável pela articulação junto à Embrapa,  produtores e demais técnicos.

Para o presidente da Ematerce Antônio Amorim com a mão de obra tão escassa nas propriedades, é fundamental entender todo o mecanismo dessa tecnologia, que pode trazer inovações produtivas importantes para o setor.

“Por isso, enfatizamos a questão do custo para se obter essa tecnologia, porque pode reduzir os esforços do produtor e ser muito inovador para o seu dia a dia no campo. O bom técnico ou orientador sem acesso à novas tecnologias nem ao conhecimento não cria novas formas de produzir. É importante saber onde fazer e o que fazer”, enfatizou Amorim. Atualmente, o custo médio de uma podadeira mais o trator é de R$160 mil.

Demonstração

Para Marlos Bezerra, pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical, a importância da demonstração dos equipamentos e do manuseio é de permitir apresentar as possibilidades de condução do cajueiro.

“É fundamental observar o uso da matéria vegetal, como é incorporada ao solo; a outra máquina que faz a trituração da matéria orgânica e como isso pode ser usado junto com o calcário, o próprio adubo. Porque uma vez que fez a poda, é uma porta de entrada de pragas e doenças e é essencial o trabalho preventivo à doenças”, alertou Marlos, que é graduado em Agronomia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) com mestrado em Agronomia (Fisiologia Vegetal) pela Universidade Federal de Lavras (1996).

Na ocasião, foram demonstrados a polda semimecanizada e a tratorizada com uso de da motosserra e motopoda. O trabalho de coordenação do Dia de Campo também foi realizado pelo técnico agrícola da Embrapa Raimundo Nonato M. de Souza Embrapa, especialista em Cajucultura e com mestrado sobre o tema “Viabilidade Econômica do Cultivo Irrigado do Cajueiro-Anão Precoce na Agricultura Familiar”.

Valorização

Segundo o assessor estadual da Cajucultura, no âmbito da Ematerce, engenheiro agrônomo Egberto Targino Bomfim, não adianta ter um cenário produtivo, uma área irrigada, adubada, se não é conduzida dentro do padrão das podas.

“É necessário entender que há todo um processo, um encadeaento desde a estruturação de formação, a poda de limpeza tirando ramo praguejado, doente, e a poda de manutenção”, explica. No Litoral Leste, de acordo com o técnico, o caju é tratado de maneira diferenciada, porque existe uma atenção especial com a poda. Aracati, Cascavel, Beberibe, por exemplo são áreas excelentes, diferente da região Norte e Meio Norte, onde é necessário intensificar e valorizar a prática da poda.

A técnica permite melhor aproveitamento do fruto pelo sol, principalmente após o período de safra.

Estudo

O cajueiro sempre ocupou lugar de destaque na agricultura brasileira, principalmente na região Nordeste, com cultivo realizado em regime de sequeiro, baixo nível de tecnologia e baixa produtividade. A pesquisa coordenada por técnicos da Embrapa com a participação de Raimundo Nonato, objetivou avaliar a viabilidade econômica do cultivo irrigado do cajueiro-anão precoce.

O estudo foi realizado no município de Pentecoste, Ceará, com base na produção de 1,0 ha cultivado com o clone BRS 189, implantado em área de agricultura familiar. Para a análise foram considerados dados de produção de um período de dez anos, através dos indicadores de rentabilidade da análise de investimento: Relação Benefício/Custo, Valor Presente Líquido, Taxa Interna de Retorno e Período payback.

A irrigação do cajueiro promoveu incremento médio na produtividade superior a 90%, praticamente sem alteração no período de colheita. Verificou-se relação direta entre o total anual de chuva e a produtividade do cajueiro, independentemente do cultivo ser realizado em regime de sequeiro ou irrigado.

O cultivo do cajueiro-anão precoce irrigado é uma alternativa economicamente viável em um cenário em que não se contabilizaram os custos de mão de obra associados à colheita.

Fotos: Edilmo Gurgel