Laboratório de extensão rural em Cascavel incrementa produção

21 de janeiro de 2019 - 12:38 # # # #

Ascom / Aécio Santiago - aecio.santiago@ematerce.ce.gov.br

Numa área de 84 hectares, no distrito de Mangabeira, município de Cascavel (Litoral Leste) produtores, técnicos, estudantes de agronomia têm a oportunidade de conhecer tudo sobre manejo do solo, fruticultura irrigada, plantio consorciado e muito mais. A área de plantio de manga para exportação já foi destaque do programa Nordeste Rural, da TV Verdes Mares (filiada da TV Globo no Ceará) e agora é referência na reportagem pela Ascom (Assessoria de Comunicação) da Ematerce.

A produção de destaque é a manga, mas no Vale das Frutas, no Distrito da Mangabeira, no município de Cascavel, a área de 84 hectares vem sendo utilizada como um grande laboratório de observação e pesquisa para mudas de reflorestamento, produção de caju, de manga e criação de tilápia, através de um grande lago artificial, tudo isso coordenado pelo engenheiro agrônomo, extensionista da Ematerce e proprietário do sítio Joaquim Fernandes Alves. O trabalho tem o acompanhamento e a parceria da Ematerce.

Apesar da diversificação produtiva, Fernandes explica que seus estudos se concentram na criação de aves caipiras, produção de polpa orgânica e de manga, que ele também gosta de apelidar de “rainha das frutas” por conta do seu sabor e grande aceitação no mercado consumidor local e internacional entre os públicos das mais diversas faixas etárias.

“Um dos desafios agora é tornar a época de produção maior sem dependência das chuvas, ou seja, termos colheita da manga o ano todo, no caso a variedade primavera, a mais valorizada para exportação em função do seu volume, cor, resistência e cheiro”, explica Fernandes enquanto mostra aspectos importantes da produção do fruto e os experimentos que vem desenvolvendo no sítio. Um desses cuidados, diz o produtor, é não deixar manga madura no solo, pois atrai a mosca do fruto, estragando e desvalorizando a fruta.

Uma dos experimentos é o método por indução floral, que permite um tempo maior de colheita, com pouca irrigação e sem o uso de agrotóxico, uma das maiores exigências do mercado internacional. O período de plantio e colheita tradicionais da manga vai de março a outubro. Segundo levantamento da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), os maiores destinos da manga cearense são Holanda, Estados Unidos, Reino Unido, Itália e Espanha. Somente em 2018, foram exportadas 55 mil toneladas da fruta. A área total que será usada para o plantio de manga é de 20 hectares.

As outras variedades produzidas são coité, palmer, espada, fafá e a moscatel, esta última mais usada para fabricação de polpa. Inquieto e entusiasta, o engenheiro de 83 anos e com 52 anos de estudos, pesquisas e monitoramento do solo, vem experimentando agora a criação de tilápia, a partir de uma lagoa artificial de 100m de comprimento, 20m de largura e 10m de profundidade.

A água foi toda retirada do próprio lençol freático e em pouco tempo o produtor espera iniciar o peixamento. Fernandes explica que outro objetivo do lago artificial é o uso da água dos peixes para irrigação da fruticultura. “Essa água já vem fertilizada pelos dejetos dos próprios peixes, o que é economia de recursos hídricos e maior produtividade”, completa Fernandes.

Planejando a conservação do lago artificial, já foram plantadas algumas mudas de essências florestais em todo o entorno da área com o objetivo de manter o sombreamento, reduzindo a intensidade da a evaporação da água e sua manutenção mais perene do lago.

Reflorestamento

Além da produção de manga e caju, o extensionista vem investindo na produção de mudas de árvores nativas como a Aroeira e exóticas como a Acácia Arcanjo e o Mogno Senegalês com o objetivo de promover e incentivar o reflorestamento de áreas desertificadas no Ceará.

No caso da Acácia, por exemplo, a folha e flor são ricas em proteína (cerca de 40%) e junto com microrganismos do solo serve como adubação em outros plantios de frutas. O aproveitamento do solo permite o plantio consorciado, onde além da manga e caju, o produtor pode plantar café e cupuaçu, por exemplo, em áreas próximas e com o sombreamento de uma das plantas. É o mesmo caso da Aroeira, que produz excelente madeira de lei.

Já o Mogno Senegalês é madeira ainda mais valorizada pelo seu valor comercial no mercado externo, além de se ajustar bem ao clima e solo do semiárido nordestino. Em algumas regiões do estado, produtores já estão investindo na produção do mogno como poupança verde, uma vez que sua comercialização é feita em dólar e seu poder de venda permanece estável.

Caju

Segundo lugar no Vale das Frutas, a produção de caju também passa por observações e estudos. Primeiro lugar na pauta de exportação do Estado do Ceará, a castanha de caju, Fernandes estuda as melhores variedades, as que se comportam melhor, as mais aceitas no mercado local e internacional.

No sistema consorciado, o técnico vem explorando a produção do caju e da manga nas distâncias 10×10, 10×5 e 5×5, onde pode controlar e monitorar a adubação e o tipo de irrigações utilizadas. Já existe o projeto de uma agroindústria de polpa de frutas em fase de conclusão e o planejamento é começar o funcionamento ainda em 2019.

fotos: Edilmo Gurgel