Ematerce disporá de 182 observadores, para avaliar a evolução da seca

18 de fevereiro de 2019 - 11:06 # # #

Ascom// Antonio José de Oliveira – antonio.jose@ematerce.ce.gov.br Fotos: Edilmo Gurgel

A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), no âmbito de de campo, terá 182 observadores, representados pelo gerente local, que preencherão um formulário, avaliando, em comparação com o mês anterior, a evolução da seca, em termos positivo ou negativo. Com base nessas informações da Ematerce, na perspectiva da produção agrícola, assim como a Cogerh, na perspectiva do armazenamento de água, é delineado um mapa das condições climáticas. Segundo informou o assessor estadual, lotado na Gerência de Apoio Técnico (Geate), no Centro Gerencial, em Fortaleza-CE, Eng.º Agrº Nizomar Falcão, e o Engº Agrº Francisco Bergson, lotado na Gerência de Programas e Projetos (Gepro), no Centro Gerencial, a Ematerce, por meio dos validadores, confirma ou contesta, o Mapa mensal. A partir daí, o Mapa é publicizado, para que as autoridades, com o conhecimento da evolução, possam se antecipar-se aos impactos.

Os Técnicos da Funceme, Robson e Juliana, explicam o processo de acompanhamento regular e sistemático da situação da seca no Nordeste.

Explicou o técnico da Ematerce que o Monitor de Secas é, portanto, um processo de acompanhamento regular e sistemático da situação da seca, no Nordeste, copilado a partir da situação, em cada Estado da região, baseado em evidências, com indicadores, que refletem o curto prazo (3, 4 e 6 meses anteriores) e o longo prazo (12, 18 e 24 meses anteriores). Como enfatizado, sua materialização acontece, mensalmente, por meio do Mapa do Monitor de Secas, que consolida a visão da situação da seca, considerando os dados disponíveis, até o último dia do mês anterior, o que permite analisar a evolução do fenômeno.

Esclareceu, ainda, Nizomar que, historicamente, o monitor de secas surge, a partir do momento em que, em 2012, no auge de um período, extremamente seco, na Região Nordeste, o Ministério da Integração Nacional (MI) criou um Grupo de Trabalho, para avaliar a política e as abordagens de gestão brasileiras, relativas às secas, assim como para estudar e apresentar subsídios, com vistas ao desenho de uma Política Nacional de Secas.

À época, as propostas do referido Grupo de Trabalho juntaram-se às discussões, que vinham ocorrendo, no cenário internacional, e que tiveram ápice, durante o Encontro de Alto Nível, sobre Políticas Nacionais de Seca, ocorrido em Genebra, em março de 2013 (High Level Meeting on National Drought Policies – HMNDP), no qual o Brasil, representado pelo MI, declarou seu compromisso em discutir e debater como desenhar, coordenar e integrar uma política abrangente, para planejamento e gestão de secas, de forma a reduzir os impactos, ou seja, aumentar a resiliência às secas futuras e às mudanças climáticas.

Reportou-se, em seguida, que, a partir do encontro, ocorrido em Genebra, o Ministério da Integração Nacional solicitou apoio ao Banco Mundial, na construção de uma assistência técnica – intitulada de “Preparação para as secas e resiliência às mudanças climáticas”, que englobasse o diálogo e o arcabouço necessários ao desenvolvimento de políticas nacional e estaduais sobre secas e um programa piloto regional para o Nordeste brasileiro.

Gestão

Com essa iniciativa, vislumbrava-se uma mudança de paradigma no tratamento dado à gestão das secas, no território brasileiro, passando de uma gestão de crise (ou reativa) a uma gestão de risco (ou proativa). Essa assistência técnica também contou com o apoio do Fundo Espanhol, para a América Latina e Caribe (SFLAC), e do Water Partnership Program (WPP). Nessa perspectiva, a abordagem proposta, para lidar com as secas, era suportada, em três pilares: (1) monitoramento, alerta precoce e rede de previsão meteorológica; (2) melhor identificação e conhecimento da vulnerabilidade, da resiliência e dos impactos das secas na região Nordeste; e (3) planejamento de resposta mais coordenado e sistemático, com desenvolvimento de uma estratégia de mitigação de longo prazo.

Prosseguindo, Nizomar acrescentou que, durante seminário, realizado em Fortaleza, em outubro de 2013, intitulado “Secas, Impactos e Respostas: uma Análise da Seca de 2012-2013 no Nordeste e Contribuições para uma Política Nacional de Seca”, representantes de várias instituições federais, estaduais e organizações civis concordaram em desenvolver uma metodologia de monitoramento e uma rede de informações, para melhorar a previsão e o alerta precoce de secas, na região Nordeste, nascendo aí o Monitor de Secas do Nordeste.

Ao longo de 2014, um grupo multissetorial de mais de 40 instituições federais e estaduais, representadas por cerca de 80 profissionais, participou de oficinas de desenvolvimento do Monitor de Secas e de outras medidas de preparação para as secas no Nordeste. Para tanto, por meio de assistência técnica do Banco Mundial, contou-se com parceiros nacionais e internacionais, com ampla experiência no monitoramento de secas, que ajudaram desenvolver e implementar a fase experimental do Monitor de Secas do Nordeste, dentre eles, ressalta-se a participação do Centro Nacional de Mitigação de Secas (NDMC) da Universidade de Nebraska/EUA e da Comissão Nacional de Águas do México (CONAGUA).

Lembra, outrossim, em agosto de 2014, o Monitor de Secas entrou em fase experimental, sob a liderança, na esfera federal, da Agência Nacional de Águas (ANA), do Ministério da Integração Nacional (MI) e do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Na esfera estadual, o Monitor de Secas conta com o envolvimento de todos os Estados do Nordeste, disponibilizando informações e participando do processo de validação do mapa do Monitor, por meio da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH) do Estado de Alagoas; da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) e do Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA) do Estado da Bahia; da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (COGERH), da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME) e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará – Ematerce.

Intercâmbio

Acrescente-se, ainda, o Núcleo Geoambiental da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA/NUGEO) do Estado do Maranhão; da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (ADAGRO), da Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC), da Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA) e do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) do Estado de Pernambuco; da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) e da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMAR) do Estado do Piauí; da Agência Executiva de Gestão das Águas (AESA) do Estado da Paraíba; da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) e da Empresa de Pesquisa Agropecuária (EMPARN) do Estado do Rio Grande do Norte; da Companhia de Saneamento de Sergipe (DESO) e da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH) do Estado de Sergipe. Todos esses atores mantêm articulação permanente em torno do processo do Monitor de Secas, sob a liderança compartilhada do INEMA, da FUNCEME e da APAC, que são as instituições estaduais que exercem a função de autores dos mapas do Monitor.

Ao longo do processo de desenvolvimento do Monitor de Secas do Nordeste, a ANA foi identificada como a instituição que reunia condições para assumir a coordenação técnica e operacional do Monitor e dar sustentabilidade à implementação e ao aprimoramento do monitoramento de secas no Nordeste. Nesse sentido, no segundo semestre de 2015, os arranjos institucionais e operacionais, envolvidos no Monitor de Secas, passaram a ser lastreados por um Acordo de Cooperação Técnica entre a ANA, o MI e o INMET e Acordos de Cooperação, entre a ANA e todos os Estados do Nordeste, visando à implementação do Monitor de Secas.