Café especial de Guaramiranga é apresentado em Dia de Campo pela Ematerce

7 de agosto de 2024 - 16:37 # # # # # # #

Jornalista Valéria Barbosa valeria.ferreira@ematerce.ce.gov.br

Sítio Águas Finas, em Guaramiranga, no Ceará      

“Sou muito competitivo e persistente”, assim se autodenominou o agricultor Francisco José Soares Uchôa, mais conhecido no Maciço de Baturité, precisamente em Guaramiranga, como coronel Uchôa, premiado, nacionalmente, pela sua produção de café especial, plantado e organizado em área de floresta sob as ingazeiras da serra. Este trabalho, que hoje tem assistência técnica rural -ATER, no seu desenvolvimento, através da gerência regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará – Ematerce motivou a realização do primeiro Dia de Campo sobre o produto, certificado e premiado com nota 9.1, atraindo um público do Ceará e outros vizinhos, no dia 02 de agosto de 2024.

O cenário, o sítio Águas Finas, a 100 Km de Fortaleza, encravado em uma das sinuosas curvas do caminho de quem sai de Baturité a Guaramiranga, com seus plantios de fruteiras, que vão desde as de pequeno a grande porte, passando pelas hortaliças, ali encontramos o cafezal espalhado com suas 5.000 mudas plantadas, somente, em 2024 e outras já existentes, além do viveiro com as sementes semeadas, em observação, para análise de produção, abrigando variedades existentes e outras que poderão ser utilizadas, posteriormente. Numa área total de 21 hectares, 7 ha acolhem 7 variedades, sendo 5 em produção ( Tupiá, Catuaí Amarelo, Obatã, Japar e Catucaí Vermelho, especial, com 9.1 pontos) e 2 em mudas ( Bourbon e Arará).

Estudantes universitários da Região de Baturité

Com as boas vindas da equipe técnica do Regional do Maciço estiveram presentes ao evento, aproximadamente, 150 participantes entre técnicos; agricultores; leigos, interessados no assunto, e a direção da Empresa. Ainda representantes do BNB; da Embrapa de Baturité; do Ministério do Desenvolvimento Agrário; alunos do Mosteiro, da Instituto Federal do Ceará, do Curso de Agronomia da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira e dos extensionistas das regiões do Litoral Leste, Cariri e Ibiapaba. Divididas em cinco estações, as informações sobre todo o processo da produção do café foram repassadas, proporcionando a dinâmica do aprendizado.

Mudas de café tratadas e observadas para plantio

 

Início

A abertura ficou com o proprietário Francisco Uchôa, identificado como produtor de café especial. Disse que “a história do café se confunde com a história do Brasil, começando por volta de 1927, em Belém do Pará, 20 anos depois chegou no Ceará, com José de Xerez e após 5 anos, duas mudas foram doadas por D. Luiz de França e plantadas na Fazenda Santa Úrsula. Depois seis datas marcam a trajetória no Ceará: a primeira onda em 1945, na segunda guerra era a quantidade produzida; de 1960/70 foram os cafés e cafés, com a qualidade; 2000, o café especial; 2010 despertei para o café, como forma de sobreviver; 2015 entrei na rota do café e em 2024 conheci a Ematerce, como parceira, neste trabalho, mesmo já recebendo a sua assistência técnica.”

Explicou: “ me dediquei muito, estudei muito, para decidir e fazer a escolha de café sombreado, cultivado no meio da floresta, recebendo dela todos os seus benefícios. Na qualidade de café de sombra, há uma pontuação que o certifica especial, com pontos acima de 80. O café tem 100 no pé. Em seguida, 65% da pontuação vem do pós colheita , trabalho que eu gosto, estudo, me especializo e dedico em realizar. Os outros pontos vamos atingindo com a qualidade da colheita, separação, secagem, torra e demais segmentos. A parceria com a Ematerce ajuda o pequeno produtor chegar ao máximo da sua propriedade. Mas o meu sonho agora, com a qualificação de café especial, é montar uma Escola de Excelência de Café,” finalizou.

Destacou o diretor técnico da Ematerce, Itamar Lemos, “ é uma felicidade estar aqui. O ambiente é espetacular e não tem como não ser um excelente Dia de Campo. A parceria de atendermos neste rumo da cafeicultura, um produtor especializado, com alta qualidade de resultados no campo, faz com que teremos, também o prazer de trabalhar junto para a criação da Escola.” Parabenizou a equipe técnica da região de Baturité, nas pessoas do engenheiro agrônomo, Jonathan Levi Medeiros, assessor regional de Baturité, e do técnico agrícola Carlos Porfírio, acompanhantes e orientadores do plantio, em Águas Finas, bem como os profissionais concursados que entraram, recentemente, na empresa e com uma “nova pegada”, desenvolvendo muito bem métodos, e com os de maior experiência no campo, fazendo transferência de tecnologias e parcerias. Portanto, hoje temos um grande evento para todos que aqui estão”.

Proprietário Francisco José Uchôa apresenta variedades de mudas para o diretor da Emater, José Maia

Na continuidade, o diretor administrativo financeiro, José Maia, informou que logo cedo conheceu todo o potencial da propriedade e da produção do café, com as suas singularidades e teceu palavras, em nome do presidente da Ematerce, Inácio Mariano, empresa vinculada à Secretaria do Desenvolvimento Agrário, felicitando aquele momento. Comentou na ocasião: “o trabalho depois de alguns anos, com premiação, hoje podemos dizer que seja a cereja do bolo para as comemorações. Vale ressaltar que passa por várias etapas de organizar a melhorar, bem definido. Temos então, como resultado, também, bem desenhada uma rota, para disseminar a cultura do café. É uma trilha turística, que faz parte do roteiro da cidade de Guaramiranga, que atrai pessoas pessoas, não apenas do Ceará, mas de outros estados e países. Faz parte de um projeto de 1 ano, montado com carinho, zelo e cuidado, que mostra desde a lavoura até a xícara de café sombreado, na degustação.” Agradeceu ao coronel Uchôa e lembrou o seu colaborador, Jardelino, ambos com o mesmo desejo de ensinar.

Estações

Para um dia festivo a música e a cultura literária estiveram presentes. A primeira na voz e no violão de Luciano Marques, de Apuiárés, no segundo instante os versos do cordelista, Pádua de Queirós, de Baturité, integrante do Grupo Tesouros Vivos, da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará. Em seguida foi realizada a caminhada, subindo a serra de Guaramiranga, onde está plantado o cafezal, à sombra das ingazeiras. Foram 1.800 metros distribuídos em três estações e duas finalizando na sede de Águas Finas. Na primeira – “Cobertura de Floresta” – o assunto foram as informações gerais sobre a propriedade; tamanho da área; atividades produtivas; turismo rural e café especial, com Rodrigo Franco, administrador de empresa e Fernanda Aquino, psicóloga, assessora em agroecologia da Gerência de Apoio Técnico – GEATE, do escritório estadual,da Ematerce, em Fortaleza..

Qualidade do café, premiação e agroecologia foram os pontos fortes das apresentações

A segunda apresentação, sob o título “Viveiro e Sintrópica”, ficou por conta do agente auxiliar de ATER, Rômulo Soares, com produção do substrato; colheita da semente; produção das mudas; variedades trabalhadas; plantas que fazem a sintropia (abacaxi, cacau, margaridão, cana-de-açúcar, banana, mamona, feijão gandu e vegetação nativa, extrato alto). A terceira estação, em solo da serra, denominada “Bourbon”, foi com o assessor regional de Baturité, Erich Pereira, demonstrando o manejo do solo – correção; fertirrigação; coberturas, plantas criadouras e inserção das plantas criadouras dentro do sistema.

Variedades do café especial sombreado

As duas últimas ocorreram na sede do sítio. A quarta com “Critérios de Colheita e Pós-Colheita”, informações levadas pelo proprietário Francisco Soares Uchôa e pelo seu colaborador Jardelino discorrendo sobre seleção do café por variedade e estado de maturação; método da secagem em terreno suspenso; armazenamento e torrefação e na quinta, Prova do Café”, a degustação com explicações de como fazer um excelente café de floresta com Iris Araújo técnica do sítio, formada em Ciências Contábeis e Turismo, guia da Rota do Café e a engenheira agrônoma, Jocilene Pinheiro, assessora em agroecologia do GEATE, discorrendo sobre o sistema de avaliação do café na xícara e a identificação sensorial da qualidade do café.